O diretor do Serviço Federal da Rússia para o Controle de Drogas Víktor Ivanov Foto: TASS
Durante uma sessão
da Comissão sobre Narcóticos das Nações Unidas realizada em Viena
no início desta semana, Viktor Ivanov manifestou-se contra a
legalização até mesmo dos chamados narcóticos leves, como a
maconha. Segundo o especialista, a descriminalização das drogas é
uma “solução ilusória”.
Questionado sobre a origem do
problema de propagação das drogas, Ivanov enfatizou a existência
de dois centros globais de produção de drogas em dimensão
industrial: países da América Central (Colômbia, Peru e Bolívia)
e o Afeganistão.
“Enquanto na América do Sul encontra-se
a produção de 100% da cocaína no mundo, no Afeganistão lida-se
com 90 a 95% da heroína produzida mundialmente. Esse é um fato que
condiciona não apenas a produção, mas também o tráfico de drogas
posterior por territórios de vários países”, declarou o diretor
do serviço federal.
Voz da Rússia: Alguns veículos ocidentais afirmam que a Rússia representa a principal via do narcotráfico do Afeganistão à Europa...
Víktor Ivanov: Isso
não corresponde à realidade. Não conheço caso algum em que
heroína afegã fosse transitada através do território russo. A
heroína afegã entra na Europa por dois caminhos.
Um deles é
histórico, passando por países da Península Balcânica, e atual
até hoje. Levando em consideração que a situação no Iraque é
extremamente grave, e o país vem sendo dilacerado por uma guerra de
muitos anos, a heroína afegã atravessa o território iraquiano para
o Sahel na África Ocidental e Central e, de lá, para a África do
Norte e a Europa.
VR: O sr. falou em uma entrevista que um grande quantidade de drogas sintéticas entra na Rússia a partir da Europa. Como isso é possível?
VI: Cerca de 50% das drogas sintéticas provém da Alemanha, Holanda, Bulgária, Polônia e países do Báltico. São transportadas, por via de regra, em veículos ligeiros, carros de carga, aviões e navios.
VR: O consumo de drogas na Rússia está aumentando ou diminuindo?
VI: O trabalho do
nosso órgão está completando 10 anos. A estrutura do serviço
conta com especialistas no assunto entre os efetivos do Ministério
do Interior e essa decisão comprovou sua eficácia.
Conseguimos
organizar a luta contra o narcotráfico ilegal e hoje investigamos
até 85% dos crimes de narcóticos cometidos por grupos organizados,
assim como todos os processos ligados à lavagem de dinheiro e à
legalização de meios relacionados às drogas.
Como
resultado, até 90% dos centros clandestinos de consumo de drogas
foram liquidados. Coordenamos a atividade com a polícia e a
alfândega, e o número de consumidores de drogas na Rússia não
está crescendo. Nos últimos sete anos, esse número permaneceu
estável em 8,5 milhões de pessoas que consomem drogas com diferente
grau de regularidade.
Uma parte delas já é totalmente
dependente, outra encontra-se numa etapa de formação ativa do
vício. Consideramos essa quantidade muito grande e, por isso,
pretendemos agir ainda mais. Essa tarefa não pode, contudo, ser
realizada apenas em caráter policial, mas é preciso desenvolver um
sistema nacional de reabilitação de consumidores de drogas.
VR: O que mais preocupa nessa luta antidroga?
VI:
A síntese de novas drogas, o vem ganhando especial força. Durante o
último ano, foram sintetizados 50 novos tipos de drogas, ou seja um
novo narcótico por semana.
Nossa tarefa é suspender
provisoriamente a venda de tais preparados até que sejam concluídos
longos procedimentos de coordenação e de investigações
médico-biológicas, antes de apresentar ao governo listas de
substâncias sujeitas ao controle. Se tal decisão for tomada, nossas
ações serão mais rápidas e mais adequadas a essa ameaça.
Publicado originalmente pelo Voz da Rússia
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