Fotografia auxilia na recuperação de jovens com câncer

Foto: Amvrosiy Khramov

Foto: Amvrosiy Khramov

Há seis anos, o fotógrafo Iúri Khramov dá aulas no projeto "Nós vivemos nesta terra" e ajuda jovens que sofrem com a doença.

Rita Khairullina, 18, é campeã de triatlo da Europa. Há um ano, no entanto, foi diagnosticada com câncer no sangue. Enquanto era tratada, a jovem descobriu um novo hobby.  

"Eu fotografava tudo o que via: médicos, enfermeiros, a vista da janela”, conta.

"A fotografia ajudou a me distrair do que acontecia ao meu redor”,  acrescenta.

"Os psicólogos dizem que, neste cenário, inicia-se a fome visual", explica o fotógrafo Iúri Khramov, 46, que há seis anos comanda projeto "Nós vivemos nesta terra", que, por meio do ensino da fotografia, ajuda jovens como Rita, que sofrem com uma doença tão dura.

"A fotografia, como qualquer outra habilidade, desenvolve a imaginação. Graças a ela, a pressão das paredes da enfermaria pode se transformar até mesmo em um castelo ou numa selva", diz Khramov. 

Khramov chega ao centro de hematologia pediátrica, oncologia e imunologia, em Moscou, e mostra como fotografar aqueles objetos, motivos do tédio destes jovens: uma porta, o teto, a cama, um janela.

"Fotografá-los de forma bonita e interessante, esta é a nossa forma de vingança da realidade”, diz o fotógrafo, sorrindo.

Khramov começou a fotografar como hobby. Certo dia, viu um anúncio: a fundação beneficente estava à procura de um voluntário para ensinar, uma vez por mês, aos jovens do centro noções básicas de fotografia.

Ele enviou um pedido, que foi aceito. Logo, Khramov viu que uma aula por mês era pouco. Começou a vir todas as semanas.

Mudança

Um dia, depois de uma aula, descobriu que havia uma criança morrendo.

"Ele só tem trinta minutos", disse o médico.

Ainda era possível salvar o menino, mas o hospital não tinha o medicamento necessário. Telefonaram para o outro hospital, onde havia o remédio. 

"Pulei no carro e corri para conseguir pegar a ampola que iria salvar a vida do garoto”, lembra o fotógrafo.

Khramov chegou a tempo, e a criança foi salva.

No dia seguinte, no trabalho, Khramov precisava obter a assinatura de um funcionário para um documento. Ficou durante horas sentado na sala de espera de seu gabinete, aguardando a devolução dos papéis.

"Quando já segurava o documento assinado nas mãos, entendi que, para salvar a vida da criança, levei quinze minutos. Para obter a assinatura do funcionário, foram oito horas”, conta.

A partir daquele dia o projeto fotográfico “Nós vivemos nesta terra” tornou-se o negócio de sua vida.

Viagem

Uma vez por ano, Khramov, juntamente com um grupo de crianças, vai para a Alemanha.  Lá, eles se hospedam em um pequeno hotel, andam pela cidade, visitam museus e castelos e, claro, tiram fotografias.

A participação é gratuita.

"Quantos desses pais poderiam pagar esta viagem?", indaga o fotógrafo. “Apenas um ou dois, uma vez que muitas das crianças são de regiões e de famílias de baixa renda.”

Nas exposições promovidas por Khramov é possível ver fotografias dos seus alunos.

Além das exposições, álbuns com os trabalhos também são publicados.

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