Violação das regras de segurança também foi fator preponderante no incidente na boate russa Cavalo Manco, em 2009. Foto: Divulgação
Nesta segunda-feira (28), o presidente da Rússia, Vladímir Pútin,
expressou profundas condolências à sua colega brasileira Dilma Rousseff pela
morte de mais de 200 jovens no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no
estado do Rio Grande do Sul.
O incêndio na casa noturna brasileira foi uma reprodução quase exata da
tragédia na boate Cavalo Manco em Perm, nos montes Urais, em 2009. Na época, o incêndio
matou 156 pessoas e também teve como causa o uso de efeitos pirotécnicos
durante um show.
Assim como no caso do último domingo (27) em Santa Maria, o desrespeito às regras de segurança foi fato preponderante na ocorrência do incêndio em Perm. Esse processo judicial continua até hoje e tem, por enquanto, um único condenado, o proprietário da boate, Konstantin Mrikhin. Ele pegou seis anos e meio de prisão por “violação das normas de segurança seguida da morte de um grande número de pessoas”.
Além disso, o inspetor geral região de Perm está sendo acusado de abuso de atribuições, enquanto outros dois inspetores que realizaram vistorias na boate incendiada continuam indiciados por negligência. Também estão sob investigação o cofundador da boate, seu diretor-executivo, diretor artístico e os organizadores do show pirotécnico.
Em dezembro do mesmo ano, todo o governo regional e 11 funcionários municipais foram demitidos.
Onda da inspeções
A tragédia da boate Cavalo Manco deu início a uma série de inspeções em discotecas, restaurantes, bares e boates do país, e consequente o encerramento da atividade em muitos estabelecimentos que apresentavam irregularidades. Em seis meses após a tragédia de Perm, pelo menos 18% dos bares, restaurantes e boates foram fechados por todo o país.
A maioria desses estabelecimentos se encontrava no subsolo e não atendia ao regulamento de segurança contra incêndio, apresentando caixas acumuladas que impediam a livre passagem em direção às portas de saída de emergência e materiais inflamáveis usados na decoração de interiores, entre outras irregularidades.
“É preciso aumentar sanções para a violação do regulamento de segurança contra incêndio”, disse à agência RIA Nóvosti o representante do Ministério para Situações de Emergência da Rússia, Irek Khassanov. “Alguns milhares de rublos de multa é uma quantia demasiadamente pequena para os proprietários de boates. O menosprezo pelas prescrições e recomendações da inspetoria de incêndio deve ser punido com o encerramento do estabelecimento”, continuou.
Novas regras
No ano passado, a Rússia aprovou um novo regulamento de segurança contra incêndio que obriga as boates a possuírem lanternas elétricas na proporção de uma lanterna para 50 clientes e deixa os proprietários dos estabelecimentos responsáveis pela manutenção do equipamento de combate a incêndios.
Além disso, os estabelecimentos com capacidade para 50 ou mais clientes só podem ser instalados no primeiro andar, e nenhuma boate pode ficar no subsolo. Por outro lado, passou a ser permitida a instalação de janelas com grades fixas, que antes eram de fácil retirada para que as janelas servissem de saídas de emergência em caso de incêndios.
"Se pelo menos 90% das regras forem implementadas, então tudo vai ficar bem. Quando, em 2009, a campanha de vistorias teve início, nossa boate não foi fechada porque corrigimos rapidamente as irregularidades detectadas que foram poucas", diz Serguêi Kibirev, diretor da Vermel, em Moscou.
"A inspeção mais recente aconteceu há duas semanas. Tivemos apenas que trocar dois extintores e colocar um sensor de incêndio extra. Posso dizer que o novo regulamento anti-incêndio não tem nada de extraordinário ou impossível de cumprir", finaliza Kibirev.
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