Chefe da delegação da oposição síria, Mohammed Aloush (centro), durante reunião internacional em Astana, no Cazaquistão
Bolat SChaikhinov/RIA NôvostiA segunda rodada de negociações de paz entre o governo sírio e a oposição armada ocorreu na capital cazaque de Astana, em 15 a 16 de fevereiro, e resultou na criação de um grupo conjunto. Rússia, Turquia e Irã, que hoje mediam as conversações, irão também monitorar o cessar-fogo vigente desde 30 de dezembro.
Ao fim das negociações, no dia 16, o Conselho da Federação Russa (Senado russo) realizou a primeira videoconferência entre Moscou e Damasco para que os senadores russos pudessem debater o processo de paz com seus homólogos sírios. Membros das delegações russa e síria em Astana também participaram da conversa.
Para Konstantin Kosatchev, que preside a comissão de Relações Exteriores do Conselho da Federação, o diálogo com os parlamentares sírios ajudou a entender o ponto de vista de Damasco. Kosatchev também propôs ao governo sírio que seja feita uma declaração conjunta sobre o país na 137a sessão da Assembleia da União Interparlamentar, que acontecerá em outubro em São Petersburgo.
Ajuda humanitária como arma política
O cessar-fogo na Síria foi até agora respeitado, segundo declarou Stanislav Gadjimagomedov, vice-diretor da Diretoria de Operações do Estado-Maior Geral da Rússia, durante a videoconferência. Gadjimagomedov acrescentou que 64 grupos de oposição armada e 1.249 cidades aderiram ao cessar-fogo no último dia 15.
Ainda há, porém, tensões nos distritos de East Ghouta (nos arredores de Damasco) e nas cidades de Daraa e Homs, onde os confrontos envolvem armas pesadas.
Segundo Gadjimagomedov, os ataques são perpetrados por terroristas da Frente Al-Nusra, que continuariam se infiltrando nas fileiras da oposição e tentando sabotar os esforços de paz ao promover novos confrontos armados.
Paralelamente, a situação humanitária permanece catastrófica, descreve Ashbak Abbas, um parlamentar independente do Conselho Nacional Sírio. “A ajuda humanitária é politizada”, destacou Abbas, acrescentando que alguns países se recusam a ajudar regiões sob o controle do governo.
Em videoconferência, parlamentares trocaram impressões sobre o conflito Foto: Vladímir Trefilov/RIA Nôvosti
O lado sírio agradeceu a ajuda humanitária russa em uma base regular. O vice-presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado russo, Ziad Sabsabi, informou que, em 15 de fevereiro, mais de seis toneladas de ajuda humanitária haviam sido entregues à Síria. “Os oficiais do Exército russo praticamente se tornaram funcionários de organizações de ajuda humanitária”, disse.
Damasco acusa, Moscou se cala
Moscou e Damasco estão em consenso na maioria das questões, destacaram as autoridades de ambos os países.
“A Rússia chegou à Síria para proteger a nossa condição de Estado”, disse o presidente do partido União Socialista Árabe, Khaled Abbud.
Mas a teleconferência também mostrou que, em determinadas questões, a Síria é mais intransigente do que a Rússia. Os deputados sírios, por exemplo, não mencionaram a “oposição moderada”, referindo-se apenas à “luta contra o terrorismo”.
“Quem toma as armas contra um governo legítimo é um terrorista”, criticou Akhmed Kuzbari, membro da comissão de Relações Exteriores do Conselho Nacional Síria, antes de acusar os países do Golfo Pérsico, os EUA e a Turquia (um dos mediadores em Astana) de dar suporte aos extremistas.
Os deputados russos concordaram com a importância da luta contra o terrorismo, mas se abstiveram de acusações. Segundo eles, é preciso buscar uma saída política, e não militar, para resolver a crise síria.
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