Washington planejava usar terroristas para desestabilizar Moscou, diz Pútin

Pútin: “Se estamos falando de apoio informacional e político, não há necessidade de provar evidências; quanto ao apoio financeiro, temos prova”

Pútin: “Se estamos falando de apoio informacional e político, não há necessidade de provar evidências; quanto ao apoio financeiro, temos prova”

Ramil Sitdikov/RIA Nôvosti
Em documentário, líder russo falou sobre apoio dos EUA na guerra da Tchetchênia, entre outras questões polêmicas. “Essas ideias ainda estão vivas”, afirma Pútin.

Os EUA estavam prontos para usar terroristas para minar a situação política na Rússia, declarou o presidente russo Vladímir Pútin em entrevista para o documentário  de Oliver Stone “The Putin Interviews”. O programa em 4 partes começou a ser exibido diariamente nos EUA pelo canal Showtime desde segunda (12).

Segundo Pútin, os serviços de inteligência dos EUA apoiaram militantes na república russa da Tchetchênia, no Cáucaso do Norte, ignorando os protestos de Moscou.

“Na época, entendemos claramente que os nossos homólogos dos EUA, ao falar sobre o seu apoio à Rússia, alegavam que estavam prontos para a cooperação na luta contra o terrorismo, mas, na realidade, estavam usando esses terroristas para desestabilizar a situação interna na Rússia”, disse o presidente russo.

“Se estamos falando de apoio informacional e político, não há necessidade de provar evidências, isso foi óbvio para todos. Isso foi feito publicamente, abertamente”, continuou Pútin. “Quanto ao apoio financeiro, temos essa evidência. Além disso, já a fornecemos a nossos pares nos EUA.”

O líder russo afirmou que o então presidente americano, George Bush, recebeu as evidências com nomes de oficiais da inteligência dos EUA que atuaram no Cáucaso fornecendo “apoio técnico” e “deslocando militantes de um lugar para outro”.

“A resposta do presidente dos EUA foi muito apropriada. Ele disse que via aquilo de forma negativa e disse que iria lidar com a situação”, disse Pútin.

Mais tarde, a CIA enviou uma carta a Moscou alegando que seus funcionários “têm direito de manter relações com os representantes da oposição e continuarão a fazê-lo”.

“Era evidente que isso não se referia apenas a forças de oposição, mas a estruturas e organizações terroristas. No entanto, eles se passaram por oposição”, disse. “Acho que George [Bush] lembra de nossa conversa.”

Ainda segundo Pútin, “essas ideias ainda estão vivas”, ao comentar a pergunta de Stone sobre tentativas de agências de inteligência dos EUA de lançar novos focos de tensão na Ásia Central ou no Cáucaso do Norte.

“A Guerra Fria desapareceu na história há muito tempo , Temos boas relações transparentes com o mundo, com a Europa, com os EUA”, disse o presidente.

O documentário em 4 partes “The Putin Interviews” será exibido diariamente pelo Showtime nos Estados Unidos até 15 de junho.

Na Rússia, o programa será exibido pelo Canal Um, que já comprou os direitos de transmissão. Não se sabe se e quando o documentário será transmitido no Brasil.

Nas entrevistas, realizadas entre julho de 2015 e fevereiro de 2017, Pútin fala sobre o cenário interno russo, as relações russo-americanas, a política da Otan na Europa e as alegações de que Moscou interferiu na corrida eleitoral nos Estados Unidos.

O presidente responde ainda questões sobre as crises síria e ucraniana e sobre suas relações com George Bush, Barack Obama, Donald Trump e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, bem como sobre Edward Snowden.

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