Trump confirma troca de informações, mas Kremlin nega que sejam ‘secretas’

Lavrov (esq), Trump (centro) e Kisliak encabeçam polêmica, após reunião na Casa Branca

Lavrov (esq), Trump (centro) e Kisliak encabeçam polêmica, após reunião na Casa Branca

Aleksandr Scherbak/TASS
Presidente norte-americano é acusado de repassar dados sigilosos em encontro com oficiais russos na semana passada. Embora partes neguem confidencialidade das informações, imprensa local acusa Trump de minar fonte de inteligência sobre o EI.

O porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, rejeitou os rumores de que o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha compartilhado com o chanceler russo, Serguêi Lavrov, informações confidenciais sobre fontes de inteligência relacionadas à Síria.

“Nós não queremos ter nada a ver com esse absurdo, isso é um absoluto total, não é algo que devamos confirmar ou negar”, disse Peskov a jornalistas nesta terça (16).

A afirmação veio em resposta ao jornal “Washington Post”, que divulgou que Trump poderia ter compartilhado com Lavrov, e com embaixador russo em Washington, Serguêi Kisliak, “informações absolutamente confidenciais” sobre o grupo terrorista Estado Islâmico durante as conversações na Casa Branca na semana passada.

Segundo atuais e antigos funcionários do governo americano, citados no relatório, “as divulgações colocam em risco uma importante fonte de inteligência sobre o EI”.

As acusações foram também apresentadas pelo jornal ‘New York Times” e pelo site BuzzFeed News na noite de segunda-feira.

A versão de Trump

Trump admitiu pelo Twitter, na manhã desta terça, ter compartilhado dados sobre terrorismo com a Rússia, afirmando ter “direito absoluto” para fazê-lo – no entanto, seus tuítes não especificam se a informação compartilhada era confidencial.

“Como presidente, eu gostaria de compartilhar com a Rússia – o que tenho direito absoluto de fazer – fatos relacionados ao terrorismo e à segurança de voos das companhias aéreas”, escreveu Trump. “Razões humanitárias, além de que quero que a Rússia intensifique a sua luta contra o EI e o terrorismo.”

Oficiais da alta cúpula do governo que participaram da reunião disseram na segunda que o presidente não havia divulgado fontes de inteligência ou métodos aos russos.

“Em nenhum momento foram discutidas quaisquer fontes de inteligência ou métodos, e não foram divulgadas operações militares ainda não conhecidas publicamente”, disse o tenente-general H.R. McMaster, assessor de segurança nacional da Trump, em comunicado. “Eu estava na sala. Isso não aconteceu”, acrescentou aos jornalistas.

Novas acusações

A nova acusação faz parte da pressão política que o governo Trump tem enfrentado, segundo a porta-voz da pasta dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakhárova.

“Faz parte da campanha que começou antes das eleições presidenciais dos EUA e tem se dado desde então”, disse Zakhárova, em entrevista à Kommersant FM nesta terça.

“Essa é mais uma tentativa de exercer pressão sobre a nova administração dos Estados Unidos e fazer acordos relacionados a várias nomeações políticas e lobbying. Nem podemos dizer agora que os meios de comunicação são tendenciosos porque estão abertamente cumprindo ordens políticas”, acrescentou a diplomata russa.

Zakhárova criticou ainda o “Washington Post” por não fornecer provas para sustentar as acusações de vazamento de informações secretas. “A reportagem não menciona qualquer evidência, é baseada em informações obtidas de algumas fontes. Na verdade, há um padrão típico sobre a forma como essas notícias saem, e a repercussão que elas recebem”, concluiu a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

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