Metade dos russos sinalizam voto para 4º mandato de Pútin

Se Pútin decidir concorrer às eleições, sua vitória será quase inevitável, dizem sociólogos

Se Pútin decidir concorrer às eleições, sua vitória será quase inevitável, dizem sociólogos

Global Look Press
Levantamento do instituto independente Centro Levada revelou que 48% dos russos estão dispostos a votar em Vladímir Pútin nas eleições de 2018. Ausência de forte oposição e memórias de sucessos passados ​​são principais razões, segundo autores de estudo.

Se as eleições presidenciais acontecessem no próximo fim de semana, 48% dos cidadãos russos votariam no atual presidente Vladímir Pútin, de acordo com uma pesquisa do Centro Levada publicada nesta terça (2).

Os possíveis candidatos que chegaram mais perto de Pútin na corrida eleitoral foram os líderes do Partido Comunista, Guennádi Ziuganov, e do Partido Liberal Democrata, Vladímir Jirinóvski, cada qual com meros 3% das intenções de voto.

O número de pessoas que votariam no primeiro-ministro Dmítri Medvedev, no atual ministro da Defesa Serguêi Choigu, e na figura mais expressiva da oposição, Aleksêi Naválni (impossibilitado de concorrer), não ultrapassou 1% cada.

Os sociólogos acreditam que, se Pútin decidir concorrer às eleições (sua participação não foi confirmada), sua vitória será praticamente inevitável.

“Existe a chance que alguém, além de Pútin, vencer as eleições de 2018? Só se ele se recusar a concorrer e propuser alguém em seu lugar. Mas, se confirmar a candidatura, não haverá chance para mais ninguém”, diz Valéri Fiodorov, diretor-geral do Centro Russo de Pesquisa de Opinião Pública (VTsIOM), citado pelo jornal RBK.

Segredo da popularidade

Com menos de um ano para as eleições presidenciais, o índice de popularidade de Pútin permanece inalterado, observa o sociólogo Denis Volkov, do Centro Levada.

Em entrevista à Gazeta Russa, o especialista explicou que, para grande maioria da população, Pútin está associado ao boom econômico do início dos anos 2000 (quando exerceu seus dois primeiros mandatos presidenciais, bem como ao renascimento da Rússia como uma “superpotência” (em relação à reintegração da Crimeia, em 2014).

Em abril de 2015, um número recorde de 62% dos russos demonstrava intenção de votar no atual presidente. Mais tarde, houve um pequeno declínio: 53% em abril de 2016, e 48% neste ano. “O efeito Crimeia está diminuindo aos poucos, a euforia passou, e as pessoas começaram a pensar mais nos problemas internos”, disse Volkov.

Segundo o sociólogo, outro fator que contribui para a popularidade de Pútin é a ausência de uma concorrência séria. “Políticos como Ziuganov e Jirinóvski, que estão integrados ao sistema – quanto mais persistem, menos são vistos com seriedade. E, quanto aos oposicionistas não sistemáticos, como Naválni, eles não têm uma plataforma ampla para se expressar, não são convidados a falar em canais de TV estatais, e, por isso, existe a sensação de que não há alternativa”, acrescentou.

Comparecimento às urnas

A pesquisa do Centro Levada mostra também que muitas pessoas ainda não estão prontas para votar. Cerca de 13% dos entrevistados estão certos de que não votarão, 10% não sabem se irão às urnas, e outros 19% revelaram não saber em quem votar.

Os resultados indicam que 42% dos cidadãos russos não sabem para quem votar nas eleições presidenciais ou se sequer devem votar.

“Uma grande abstenção nas eleições presidenciais de 2018 é indesejável para o governo”, diz Pável Salin, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Financeira da Rússia. “O governo ficou muito insatisfeito com o baixo índice de participação nas eleições parlamentares de setembro de 2016 [em que o partido governista Rússia Unida reuniu 54% dos votos, mas apenas 48% do público votante foi às urnas]. O Kremlin tem buscado uma forma de aumentar a ida às urnas nas eleições presidenciais, que são mais importantes para o governo.”

Segundo Valéri Fiodorov, do VTsIOM, caso Pútin concorra em 2018, é importante não só ganhar com confiança, mas também vencer um processo eleitoral em que a maioria dos eleitores tenha participação. “A probabilidade de baixo comparecimento é grande, sobretudo, por causa do alto índice de aprovação de Pútin. A certeza de que ele ganhará de qualquer modo pode impedir a mobilização do eleitorado leal”, diz.

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