Pútin e Trump terão primeira conversa telefônica oficial neste sábado

Este será o primeiro contato entre os líderes após a posse de Trump

Este será o primeiro contato entre os líderes após a posse de Trump

AFP
O primeiro contato, por telefone, entre o presidente russo, Vladímir Pútin, e Donald Trump na qualidade de presidente dos EUA acontecerá neste sábado (28). Síria, sanções e armas nucleares deverão pautar telefonema, sugerem especialistas.

O porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, confirmou nesta sexta-feira (27) que Vladímir Pútin e seu homólogo americano Donald Trump terão uma conversa por telefone no sábado (28), sem conceder mais detalhes.

Segundo ele, Pútin irá cumprimentar o presidente dos EUA pela posse e discutirá os principais aspectos das relações entre Moscou e Washington.

“Este é o primeiro contato telefônico depois que o presidente Trump tomou posse, por isso, dificilmente podemos esperar qualquer contato substancial com todos os assuntos da agenda”, disse Peskov. “Vamos ver, vamos ser pacientes”, acrescentou.

O porta-voz da presidência russa disse também que não se sabe se os líderes negociação sobre uma reunião presencial. “Até agora eu não sei, vamos esperar por essa conversa, isso vai depender dos chefes de Estado”, continuou Peskov.

A última vez que os dois se falaram foi em 9 de novembro de 2016, quando Pútin ligou para Trump parabenizá-lo pela vitória nas eleições dos EUA.

Fim das sanções

Em entrevista aos repórteres, Peskov disse ainda não ter informações sobre os planos de Trump de suspender as sanções contra a Rússia.

No entanto, a assessora do presidente americano, Kellyanne Conway, declarou nesta sexta que Washington está avaliando a suspensão das medidas. “Tudo isso está em consideração”, disse Conway ao canal Fox News, quando questionada se Trump discutiria o fim das sanções durante a conversa telefônica.

Pouco antes de assumir o cargo, o presidente dos Estados Unidos sugeriu levantar as medidas mediante acordos de desarmamento nuclear, mas Peskov já havia declarado que tal possibilidade seria “improvável”.

Embora seja pouco provável que a Rússia concorda com tais condições, a forma como Trump configura a questão é “bastante interessante”, segundo o diretor do Clube Valdai, Andrêi Suchentsov.

“A nova administração não está vinculando a questão das sanções à crise ucraniana e ao status da Criméia. Isso é muito sintomático e, em geral, é obviamente positivo para as relações bilaterais.”

Aliança contra o EI

Em diversas ocasiões, Trump falou sobre a decisão de lutar contra o Iraque e a Síria, inclusive em colaboração com a Rússia. Na terça-feira passada (24), o secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, confirmou a disposição do governo Trump de cooperar com qualquer país na luta contra a Estado Islâmico, incluindo a Rússia.

Segundo Leonid Issaev, professor de ciência política da Universidade Nacional de Pesquisa, Trump irá agir de forma pragmática na Síria.

“A declaração de Trump sobre a criação de zonas de responsabilidade na Síria está basicamente correlacionada com a divisão do país em esferas de influência formulada por Rússia, Turquia e Irã em dezembro passado”, diz.

Issaev acredita que os Estados Unidos irão, provavelmente, preservar sua influência nos territórios controlados pelos curdos, sem fazer novas tentativas de derrubar o líder sírio Bashar al-Assad ou forçar a retirada de tropas do Irã.

De armas nucleares a Ucrânia

A preservação da estabilidade estratégica, incluindo no domínio das armas nucleares, é outro tema importante para os presidente, acredita Serguêi Karaganov, presidente honorário do Conselho de Política Externa e Defesa.

Em sua opinião, a Rússia e os Estados Unidos, juntamente com outras potências nucleares, devem encontrar uma nova abordagem no domínio da segurança nuclear “que não se baseie na redução ou aumento de arsenais nucleares, mas na preservação do status quo global”.

Esse tipo de abordagem, segundo o especialista, seria mais eficaz do que tentativas de assinar novos tratados de desarmamento, que, em caso de negociações mal sucedidas, podem piorar as relações ainda mais. “Como ocorreu durante o governo Obama”, diz.

Karaganov também acredita que, tendo a vista o papel de liderança dos EUA na Otan, Trump pode contribuir para acabar com o atrito Rússia-Otan na Europa Oriental.

“Isso é possível porque Trump, ao contrário de seu antecessor, não é grande defensor da Ucrânia no conflito com a Rússia”, explica. “Podemos congelar a situação em bases bilaterais, inclusive na Ucrânia, e estabelecer contatos entre militares da Otan e a Rússia para nos libertarmos desse confronto artificial e completamente inútil.”

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