Pútin (à frente) e Netanyahu, após reunião em Moscou
Mikhail Metzel/TASSO primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou a Rússia no último dia 7 de junho por ocasião do 25º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países.
A visita, porém, foi vista por diversos analistas políticos como parte de uma agenda oculta, já que Rússia e Turquia estariam procurando um mediador para restabelecer suas relações, e Israel seria capaz de cumprir essa tarefa.
O presidente russo, Vladímir Pútin, já havia declarado, em passagem pela Grécia no final de maio, que o Kremlin pretende melhorar as relações com a Turquia.
"Não ouvimos pedidos de desculpas nem a vontade de recompensar os danos. Ouvimos declarações sobre o desejo de restaurar as relações. Queremos também restaurá-las, mas não fomos nós que destruímos tudo. Fizemos todo o possível durante décadas para elevar a cooperação e amizade entre a Rússia e a Turquia a um nível sem precedentes”, disse Pútin.
Turquia respondeu três dias mais tarde. Em 30 de maio, o chanceler turco, Mevlüt Çavuşoğlu, propôs a criação de um grupo para o restabelecimento das relações entre os países. O Kremlin respondeu que um grupo de trabalho não poderá resolver os problemas e que o governo da Turquia tem que dar o primeiro passo rumo à normalização das relações.
"Moscou explicou sua posição claramente", diz Víktor Nadein-Raévski, colaborador do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia. "A Turquia tem que agir de acordo com esses requisitos."
No entanto, o observador duvida que a Turquia fará concessões. "Os turcos querem melhorar as relações com a Rússia. Eles estão sofrendo grandes perdas econômicas na agricultura e no turismo. O governo está procurando maneiras de melhorar as relações, no entanto, não acho que Erdogan vai pedir desculpas pessoalmente. Isso seria um golpe duro contra ele", acrescenta Nadein-Raiévski.
Possíveis mediadores
Especialistas em relações internacionais afirmam que a normalização das relações sem um mediador é impossível e propuseram os nomes do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, do presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazabáiev, e da chanceler alemã, Angela Merkel.
Já o analista político turco Hasan Octai, do Centro de Estudos Estratégicos do Cáucaso, acredita que Israel poderia se tornar um mediador bem-sucedido no conflito entre Rússia e Turquia. "Em 7 de junho, o político turco Tuğrul Türkeş, que mantém boas relações com Israel, foi nomeado vice-primeiro ministro, e isso não é uma coincidência. Israel seria um mediador bem-sucedido, essa decisão garantiria a segurança na região”, diz Octai.
Mas nem todos concordam que o primeiro-ministro israelense seja a melhor opção. "A escolha de Netanyahu é ilógica. A Turquia e Israel também precisam de um mediador, pois não conseguiram restaurar suas relações após o incidente com uma flotilha turca que transportava ajuda humanitária à Faixa de Gaza em maio de 2010”, explica Nadein-Raiévski.
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