Tchúrkin ressaltou que “todos os segmentos da sociedade síria" devem participar de processo político
EPA/Vostock-photoOs países ocidentais no Conselho de Segurança das Nações Unidas vetaram o projeto de resolução russo que visa a garantir representação máxima na próxima rodada de negociações sírias, programada para começar na próxima terça-feira (11). A informação foi divulgada pelo representante permanente da Rússia na ONU, Vitáli Tchúrkin.
Segundo o diplomata, “todos os segmentos da sociedade síria” devem participar do processo político, e a postura dos países ocidentais “contradiz as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a inclusividade no processo político na Síria”.
Tchúrkin acrescentou que o principal desacordo entre a Rússia e as demais partes na ONU se refere à ausência dos curdos sírios nas conversações de Genebra.
O governo turco, que considera as organizações curdas como terroristas, é uma das principais vozes contra a participação do grupo no futuro acordo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguêi Lavrov, também reiterou que Moscou pretende “insistir fortemente” na inclusão dos curdos no processo da solução política da crise síria.
Em março passado, os curdos sírios anunciaram a federalização da Síria, assim como a criação de uma região autônoma no norte do país. O presidente sírio Bashar Assad e os representantes da oposição se recusaram a reconhecer a autonomia curda.
Força secular
De acordo com o pesquisador sênior do Instituto de Estudos do Oriente Médio da Academia Russa de Ciências, Vladímir Akhmedov, a participação dos curdos é importante para a Rússia, porque esse grupo, ao contrário de muitos outros que operam na Síria, têm uma identidade étnica, e não religiosa.
“Os curdos representam uma poderosa força secular”, aponta Akhmedov.
Para ele, os curdos, sendo uma força secular que não está interessada em conflitos religiosos, poderiam se tornar a base para o renascimento do Estado após o fim da guerra civil, especialmente como parte das futuras forças armadas da Síria.
“Os curdos são lutadores muito profissionais e constituem uma grande potência”, diz.
Possível solução
Segundo Akhmedov, os países ocidentais têm receio de apoiar os curdos, pois querem se apresentar separadamente das delegações do governo sírio e da oposição.
“Se as negociações forem realizadas entre o governo, a oposição e os curdos, os últimos poderiam apresentar suas demandas, inclusive sobre a autonomia. Mas, agora, as partes estão discutindo outros assuntos; em primeiro lugar, o estabelecimento da paz no país”, explica.
Uma possível solução, segundo o especialista, seria juntar parte dos curdos à delegação do governo, e outra parte à oposição. “No fim das contas, os curdos também são desunidos: há alguns que apoiam o regime de Assad, e outros que são contra”, arrematou.
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