Chefe do Pentágono inclui Rússia e China entre cinco maiores ameaças

Segundo Carter, EUA estariam agindo para “deter agressão russa” na Europa Oriental

Segundo Carter, EUA estariam agindo para “deter agressão russa” na Europa Oriental

EPA / Vostock-photo
Declaração foi motivada por possíveis cortes na verba militar dos Estados Unidos, alegam jornais russos. Orçamento do Pentágono encolheu durante governo Obama, mas, segundo especialistas, é suficiente para conter ameaças e realizar operações planejadas.

O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, inseriu a Rússia entre os cinco maiores desafios que o país enfrenta, juntamente com China, Irã, Coreia do Norte e a ameaça de terrorismo. A “ameaça exagerada”, segundo os jornais russos Gazeta.ru e Lenta.ru, teria por intenção convencer os legisladores a adotar o orçamento militar proposto por Carter, que atualmente corre risco de cortes.

Em audiência no Senado norte-americano dedicada ao orçamento militar do país, Carter, no entanto, ressaltou que os níveis de ameaças atuais exigem uma nova abordagem para investimentos e operações.

Diante das declarações, o Pentágono pediu aos legisladores que disponibilizem um montante de US$ 582,7 bilhões no próximo ano fiscal. A proposta dos militares é que um valor maior, em torno US$ 523,9 bilhões, seja usado na modernização de armas, novas aquisições e outros custos internos das forças armadas, e os US$ 58,8 bilhões restantes sejam revertidos para operações militares em curso no exterior.

Ameaça de cortes

Durante a presidência de Barack Obama, o orçamento do setor militar diminuiu gradualmente e hoje está ameaçado por novas iniciativas para limitar o tamanho do orçamento federal e reduzir os gastos do governo.

Na recente audiência, Carter explicou que a medida enfraqueceria o Exército do país, referindo-se à Rússia e à China como “os concorrentes mais evidentes” dos EUA, já que ambos têm desenvolvido novos sistemas militares modernos que potencialmente ameaçam a vantagem norte-americana em determinadas áreas.

Segundo o chefe do Pentágono, o Departamento de Defesa dos EUA vem “assumindo uma abordagem forte e equilibrada para deter a agressão russa” na Europa Oriental.

Esta não é a primeira vez que Carter usou uma retórica dura para descrever as potenciais ameaças por parte da Rússia contra o Leste Europeu. Mais cedo, o secretário de Defesa dos EUA afirmou que, em resposta às supostas ameaças russas, Washington e seus aliados da Otan estariam seguindo um novo plano operacional.

Ainda durante a audiência, Carter destacou que o crescimento da China também é uma ameaça aos interesses norte-americanos na região. Segundo ele, o progresso da China em si é “bom”, mas o seu “comportamento agressivo, não”.

Para os observadores, o chefe do Pentágono tem a expectativa de manter seu posto caso Hillary Clinton, principal candidata pelo Partido Democrata, vença as eleições.

Alarmismo?

Segundo Aleksandr Perendjiev, membro da Associação dos Cientistas Políticos Militares, a redução no orçamento federal dos Estados Unidos não teria grande impacto sobre a prontidão de combate do Exército norte-americano.

“Os EUA já tem uma boa base material, mas esses fundos serão gastos de forma mais eficaz”, diz Perendjiev. “É mais conveniente agora gastar dinheiro não na criação de novas armas, mas para atualizar e melhorar os sistemas existentes.”

Perendjiev acredita que, quando o Pentágono possuía um orçamento maior, os Estados Unidos podiam “controlar tudo e qualquer coisa”, mas o atual nível de financiamento ainda permite que o país “gerencie as principais ameaças”.

Em um editorial publicado pelo “The New York Times” na quinta-feira (17), o professor de administração pública da Universidade de Georgetown no Qatar, Anatol Lieven, declarou que a inclusão da Rússia como ameaça para os EUA poderia ser chamada de “alarmismo”.

Lieven citou a decisão do Kremlin de iniciar a retirada das tropas russas da Síria como um exemplo de que Moscou estaria interessada em ampliar a cooperação.

“A retirada parcial militar russa, em um momento em que a guerra entrou em um cessar-fogo delicado, demonstra os limites dos objetivos da Rússia e o desejo de Pútin de trabalhar com – e não contra – os Estados Unidos para chegar a uma solução”, escreveu Lieven.

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