Prática nem sempre honrou ideais de socialistas utópicos, disse Pútin
Kremlin.ruEm um discurso no fórum inter-regional da plataforma eleitoral Frente Popular da Rússia, o presidente Vladímir Pútin relembrou que os líderes soviéticos Vladímir Lênin e Iossef Stálin mantinham posições distintas sobre os pilares que deveriam sustentar a construção do Estado.
Segundo ele, uma vez que as ideias de Stálin foram rejeitadas, o país acabou sendo erguido sobre ideias que implicam a possibilidade de secessão dos territórios constituintes. “Esse direito [à separação] foi uma mina de ação retardada plantada sob nossa soberania. Isso foi o que causou o eventual rompimento do país”, disse o presidente.
A explicação foi dada após Pútin dizer, em uma reunião do Conselho Presidencial sobre educação, que Lênin plantara “uma bomba atômica sob o edifício chamado Rússia” e que “a bomba explodiu pouco depois”.
Ao retormar o assunto, o presidente também fez questão de ressaltar que havia sido membro do Partido Comunista e oficial do serviço de segurança soviética, a KGB, vista por alguns propagandistas como um posto avançado armado do próprio partido.
“Eu não posso dizer que era um defensor radical da ideologia comunista”, disse. “No entanto, a minha atitude em relação a tudo isso era muito delicada”, continuou Pútin, acrescentando que jamais ocupou os altos escalões do partido. Mesmo assim, “ao contrário de muitos funcionários, eu não joguei o meu cartão de sócio nem o queimei em público. Eu ainda o mantenho em casa”, contou o líder russo.
Bíblia soviética
Ainda durante o encontro da Frente Popular da Rússia, Pútin declarou que “gostava muito e ainda gosta” das ideias socialistas e comunistas.
Para o presidente, o chamado ‘Código moral do construtor do comunismo’, um conjunto de regras morais destinado a todos os membros do Partido Comunista, se parecia muito com a Bíblia em termos de conteúdo ideológico.
Porém, “a incorporação prática dessas ideias maravilhosas em nosso país ficou aquém do que os socialistas utópicos proclamavam”, completou Pútin, relembrando o assassinato da família real, de sacerdotes e até mesmo de funcionários oficiais da época imperial.
“Por que mataram o doutor [Evguêni] Bôtkin, os servos e proletários de um modo geral? Para quê? Apenas para esconder um crime”, disse o líder russo, emendando o discurso com críticas à atuação do Partido Comunista na Primeira Guerra Mundial.
Embora tenha apontado falhas nas políticas econômicas da União Soviética, Pútin reconheceu também que a economia planificada foi capaz de mobilizar recursos e resolver problemas nos setores de saúde e educação e na indústria da defesa.
Antes de encerrar o discurso, o presidente sugeriu ainda que as pessoas encarem a história sem interpretações dualistas. “Ela [história] deve ser estudada cuidadosamente e analisada objetivamente, de modo a evitar os erros cometidos no passado.”
Publicado originalmente pela agência Tass
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