Hollande (esq.) e Pútin se encontraram no Kremlin na noite de quinta (26).
ReutersA visita do presidente francês François Hollande a Moscou na noite de quinta-feira (26) encerrou a tour diplomática após os ataques do Estado Islâmico (EI) em Paris há duas semanas.
O encontro com o presidente russo Vladímir Pútin durou horas, mas não houve consenso sobre uma coalização ampliada, incluindo os EUA, no combate ao EI.
Em uma coletiva de imprensa organizada no Kremlin após a reunião, Pútin declarou que a coalizão de dez países liderada pelos EUA no combate ao EI no Oriente Médio não está preparada para esse tipo de iniciativa. A declaração do presidente russo não foi contestada por Hollande.
Também não houve acordo em relação ao problema central que breca o avanço de uma coalizão, o destino do presidente sírio Bashar al-Assad. Enquanto Hollande afirmou não haver espaço para Assad na Síria no futuro, Pútin voltou a afirmar que a decisão deve ficar nas mãos do povo.
Antes do encontro com o presidente francês, Pútin havia discutido a necessidade de intensificar a ofensiva contra as bases do EI com líderes dos EUA, Reino Unido, Alemanha e Itália.
Avanço, sim
Apesar das diferenças explícitas, a reunião foi considerada por políticos e observadores como um “avanço”.
“Os presidentes decidiram intensificar a troca de informações e concentrar os nossos ataques no EI e em grupos terroristas”, diz o presidente do Comitê para Assuntos Internacionais da Duma (câmara dos deputados na Rússia), Aleksêi Puchkov.
Segundo o deputado, é preciso evitar ataques em áreas onde existam grupos dispostos a lutar contra terroristas
“Duas grandes potências do mundo moderno, e dois membros do Conselho de Segurança da ONU, disseram ter iniciado uma luta conjunta contra o EI. Partindo de insinuações e declarações para acordos específicos”, avalia Puchkov.
Apesar de apontar entraves que persistem nas negociações, o observador Dmítri Danilov, do Instituto Europeu da Academia Russa de Ciências, também aponta para o avanço nas negociações.
“Fazer acordos sobre a coordenação da França e da Rússia nas operações contra o EI já é muito”, diz. “Esse caminho pode ser seguido se for desenvolvida uma cooperação ampliada com a Rússia.”
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