Vídeo com mensagem de Zawahiri foi postado em fóruns jihadistas na internet
AFP/East NewsO líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, pediu a união de militantes islâmicos para combater a Rússia e outros países envolvidos nos bombardeios a grupos fundamentalistas na Síria e no Iraque, em uma nova gravação divulgada no domingo (1).
“Os norte-americanos, russos, iranianos, alauitas e Hezbollah estão unidos na guerra contra nós – será que não somos capazes de parar de lutar entre nós mesmos e direcionar os nossos esforços conjuntos contra eles?”, disse Zawahiri, segundo a agência Reuters.
O novo vídeo chama atenção por trazer referências atuais sobre a intervenção russa, indicando que a mensagem gravada após 30 de setembro, quando Moscou iniciou sua incursão na Síria. Vídeos anteriores de Zawahiri haviam sido gravados com meses de antecedência à divulgação.
Em setembro, Zawahiri classificou o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, como “ilegítimo”, mas disse que seus seguidores se juntariam a eles na luta contra a coalizão internacional no Iraque e na Síria.
Nos últimos anos as fileiras de radicais no Oriente Médio foram abaladas por conflitos internos. A Al Qaeda vem mudando o formato de suas atividades para manter seu potencial e capacidade de atração aos olhos dos membros de outros grupos extremistas.
“O grupo tem se transformado em uma estrutura menos centralizada, e isso lhe permite fazer alianças conjunturais, inclusive com o EI, aumentando a ameaça para todos os adversários dos extremistas, incluindo a Rússia”, alerta Vladímir Sotnikov, do Instituto de Estudos Orientais da Academia Russa de Ciências.
A intransigência do Estado Islâmico, a rivalidade entre os líderes dos extremistas e o fato de o grupo ter surgido como um braço da Al Qaeda dificultariam, porém, uma operação conjunta.
Disputas internas
Além de a unificação de grupos radicais no Oriente Médio impedir a concorrência de controlar os fluxos financeiros, os fundamentalistas que operam na região guardam inúmeras diferenças ideológicas e religiosas entre si.
Nesse contexto, a mensagem proferida pelo líder da Al Qaeda é “um apelo para lugar nenhum”, definiu Elena Suponina, do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, à Gazeta Russa. “A chamada para combater os EUA, a Rússia e o resto dos ‘infiéis’ não tem nada de novo.”
A mesma opinião é compartilhada pelo especialista do Instituto de Estudos e Análise Estratégicos, Serguêi Demidenko. “Para os radicais islâmicos, é necessário manter uma jihad constante, isto é, uma ‘guerra santa’ contra os países ocidentais e a Rússia”, afirma.
O recente apelo de Zawahiri é visto ainda como um tipo de reação da Al Qaeda à alegação de responsabilidade feita pelo EI sobre a queda do avião russo na Península do Sinai, no Egito.
“O grupo está tentando se mobilizar, saltar também ele para a ribalta da luta e conseguir assim ganhar alguns pontos”, diz o diretor do Centro de Análise de Conflitos do Oriente Médio do Instituto dos EUA e Canadá, Aleksandr Chumilin.
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