Procuradoria verifica Windows 10 por quebra de confidencialidade

Reclamação já havia sido registrada pelo deputado Vadim Soloviov, do Partido Comunista da Federação da Rússia.

Reclamação já havia sido registrada pelo deputado Vadim Soloviov, do Partido Comunista da Federação da Rússia.

Reuters
Escritório de advocacia acusa Microsoft de infringir legislação russa sobre dados pessoais e atividades jurídicas. Windows 10 estaria coletando dados dos usuários sem permissão e abrindo possibilidade ao vazamento para serviços de inteligência estrangeiros, de acordo com advogados.

O escritório de advocacia "Bubnov e associados" pediu ao procurador-geral da Federação da Rússia, Iúri Tchaika, que envie à companhia Microsoft uma recomendação à Microsoft para que essa repare as violações legais que o novo sistema Windows 10 estaria apresentando, informou à agência Ria Nôvosti o advogado  Aleksêi Kuznetsov.  

No requerimento da firma de advocacia lê-se que o Windows 10, lançado no final de julho, é uma ameaça à confidencialidade das informações dos usuários, o que representa uma violação da seção da legislação russa que trata sobre dados pessoais e da lei sobre atividades jurídicas.

Kuznetsov, que participou indiretamente da preparação do documento à Procuradoria, disse ao portal Gazeta.Ru que a preocupação com os usuários surgiu após o escritório instalar o sistema.

"Entendemos que o Windows 10 não garante a armazenagem dos segredos de advocacia e viola a lei sobre o armazenamento de dados pessoais. Também planejamos realizar uma perícia para entender se o Windows 10 realmente ameaça a confidencialidade dos usuários", disse.

A reclamação já havia sido registrada pelo deputado Vadim Soloviov, da fração do Partido Comunista da Federação da Rússia. Ele afirma que, pelo fato de muitos órgãos e instituições públicas usarem o sistema, é possível que informações secretas vazem para serviços de inteligência estrangeiros.

Em resposta, a companhia norte-americana negou qualquer violação de confidencialidade pelo Windows 10 e afirmou que o sistema operacional permite que os clientes escolham por si próprios como são usados seus dados.

Essas escolhas, de acordo com comunicado da Microsoft à agência Ria-Nôvosti, também poderiam ser alteradas a qualquer momento, segundo o gosto do usuário.

A Microsoft afirmou ainda que não cede a qualquer governo acesso a e-mails e outras formas de comunicação.

Os advogados do escritório afirmam que o Windows 10 salva correspondências de e-mail dos usuários, além do histórico de sites visitados, para repassá-los a terceiros, inclusive serviços de inteligência.

Um dos maiores especialistas em análise de vírus eletrônicos do país, Artiom Barabanov, da ESET Russia não compartilha do temor do escritorio de advocacia, e reafirma que as configurações são escolhidas pelo usuário.

"O aumento da quantidade de configurações de confidencialidade está ligado a uma integração maior da rede de serviços com o próprio sistema operacional e com a comodidade do usuário", diz.

No caso da proteção de dados de órgãos estatais, ele relembra que a questão da instalação de sistemas operacionais nacionais ou Linux foi levantada ainda antes do lançamento do Windows 10.

No passado, a Apple já foi alvo de uma série de reclamações referentes à retenção de dados dos usuários.

Assim, em 2012 a companhia teve que responder a 19 processos sobre o envio automático a iPhones e iPad de dados de localização dos aparelhos nos servidores da Apple.

Além disso, a companhia foi acusada de ceder a anunciantes a possibilidade de recolher secretamente informações sobre as atividades dos usuários de aparelhos móveis.

Com material da agência de notícias Ria Nôvosti, e dos portais Gazeta.Ru e Rusnovosti.Ru.

 

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