“Temos que encontrar uma saída”, diz Pútin sobre sanções

Pútin (à esq.) e premiê italiano Matteo Renzi ao término da coletiva de imprensa na Expo 2015, em Milão Foto: TASS

Pútin (à esq.) e premiê italiano Matteo Renzi ao término da coletiva de imprensa na Expo 2015, em Milão Foto: TASS

Em visita à Itália, presidente russo pediu apoio das autoridades locais contra o regime de sanções impostas à Rússia.

Nessa quarta-feira (10), o presidente russo Vladímir Pútin manteve negociações com o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, durante uma visita ao pavilhão russo na Expo 2015, em Milão.

Depois de conversar também com o presidente italiano Sergio Mattarella, Pútin viajou para o Vaticano, onde se reuniu com o papa Francisco. À noite, já no aeroporto de Roma, o presidente russo encontrou-se ainda com o ex-premiê italiano e amigo pessoal Silvio Berlusconi.

Pútin também esteve em Milão em outubro do ano passado, quando participou de negociações sobre o conflito ucraniano no formato da Normandia. A situação na Ucrânia foi novamente abordada durante coletiva de imprensa que seguiu o encontro entre Pútin e Renzi.

Ambos reiteraram a necessidade de prosseguir com a atual abordagem para a resolução da crise na Ucrânia, respeitando os acordos assinados em Minsk em fevereiro deste ano.

Saída para sanções

Esta não foi a primeira vez que Pútin se reuniu com o premiê italiano. Renzi, que esteve em Moscou em março passado, foi o primeiro político ocidental a visitar oficialmente a Rússia após o início da crise ucraniana em grande escala.

Na época, Pútin e Renzi afirmaram o desejo de desenvolver a cooperação entre os países, apesar das sanções da UE impostas contra a Rússia, e o gesto italiano de aproximação com Moscou gerou críticas de Washington.

Na recente reunião em Milão, os dois voltaram a tocar no tema das sanções. No entanto, segundo Pútin, “não em termos de abolição ou simplificação” das medidas, mas na constatação de como “essas sanções estão impedindo o desenvolvimento das nossas relações”.

Após o encontro com Pútin, o ex-premiê italiano Silvio Berlusconi disse que os deputados do seu partido, ‘Forza Italia’, vão propor um projeto pedindo aos governos europeus que rejeitem a política de sanções em relação à Rússia.

O presidente russo mencionou alguns projetos ítalo-russos congelados devido às sanções e afirmou que, apesar de estimularem a substituição das importações na Rússia, as sanções são prejudiciais. “Temos que encontrar uma saída”, resumiu o líder russo.

Com base nas declarações de Pútin, o presidente do Instituto de Avaliações Estratégicas, Aleksandr Konovalov, avalia que a visita do presidente russo à Itália teve como objetivo mudar o “romper o regime de sanções que está dificultando muito a situação na Rússia”. A mesma opinião foi expressa pelo professor Maksim Bratérski, da Escola Superior de Economia.

Segundo Bratérski, Pútin tem expectativa de que os parceiros italianos ajudem a resolver dois problemas: equilibrar o difícil diálogo com a UE e debater projetos econômicos que não estejam na esfera das sanções. “Moscou quer manter vozes dentro da UE que tenham uma posição mais branda em relação à Rússia”, afirma o professor.

Lição ao papa

Para Konovalov, diante do atual cenário internacional, o encontro entre Pútin e o papa Francisco assume especial importância. “O papa goza de grande autoridade no mundo. Isso [o encontro com o Papa] será um ponto positivo para ele [Pútin]”, diz o analista. “É o reconhecimento da necessidade de dialogar com a Rússia e de levar em conta a opinião de seus líderes.”

Durante a reunião, que durou cerca de uma hora, Pútin e o papa Francisco debateram sobre a crise na Ucrânia e a situação dos cristãos no Oriente Médio.

Ao comentar sobre o encontro, o porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, aproveitou para criticar a declaração do embaixador dos Estados Unidos no Vaticano, Ken Hackett, que, segundo o jornal “The Guardian”, teria aconselhado o Papa a abordar a questão da integridade territorial da Ucrânia. Peskov repreendeu o desejo de “ensinar o Papa” e se referiu à postura de Hackett como “um caso flagrante de tentativa de pressionar a soberania de outros países”.

 

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