Janna Nemtsova estaria vivendo sob ‘extrema tensão’, segundo advogado da família Foto: EPA
Em entrevista à Gazeta Russa, o advogado da família Nemtsov, Vadim Prókhorov, confirmou que Janna deixou a Rússia para se fixar em um país europeu. “A situação [que envolve sua cliente] é de extrema tensão”, disse Prókhorov.
A mudança de país se deu após a filha mais velha do oposicionista assassinado assumir à revista britânica “Times” que havia recebido ameaças nas redes sociais.
“Não se meta na política se quiser viver normalmente! Tanto na Rússia, como em qualquer outro lugar! Seu pai fez o suficiente para ser odiado por nós, 139 milhões de pessoas”, lê-se em uma das mensagens recebidas por Nemtsova.
Segundo Janna, após a morte de seu pai, a situação na Rússia vem se degradando rapidamente. Exemplo disso seria o suposto envenenamento de um amigo do seu pai, o jornalista Vladímir Kara-Murzá Júnior.
Além do mais, o presidente da Tchetchênia “continua recebendo mais condecorações em vez de ser intimado judicialmente, enquanto os próximos da vítima, Aleksêi Navalni e Mikhail Kassianov, continuam a ser atacados com ovos e spray de pimenta”, acrescentou o advogado da família Nemtsov.
No domingo passado (7), o líder da oposição Aleksêi Naválni foi atacado com ovos por um grupo de pessoas em Novossibirsk, antes de uma coletiva de imprensa.
De quem é a culpa?
Ainda segundo Prókhorov, os recentes fatos revelam que a Rússia está vivendo “uma política de terror”, por trás da qual estaria o poder instituído. “Janna já havia responsabilizado politicamente o Kremlin pela morte de seu pai”, disse o advogado.
Em um artigo publicado nesta terça-feira (9) pelo jornal “Védomosti”, Nemtsova reiterou suas acusações contra as autoridades russas, acusando-as de promover “lavagem cerebral em larga escala” e “propaganda do ódio”.
No mesmo artigo, Janna comparou os jornalistas próximos do poder com os “atiçadores da carnificina étnica em Ruanda e com os comunicadores nazistas”.
Porém, na opinião do politólogo Aleksêi Zúdin, essas acusações não são sérias. Trata-se de “avaliações estereotipadas dos representantes da oposição contra o sistema”, alega o membro do conselho científico do Instituto de Pesquisas Socioeconômicas e Políticas.
Zúdin ressaltou que, ao analisar a retórica dos opositores nas redes sociais, verifica-se que, muitas vezes, são justamente eles que criam esse “clima de ódio e segregação social”.
“A partida de Janna pode ter a ver com duas coisas: não conseguiu superar o trauma da morte do pai ou resolveu mudar de local de trabalho”, sugere o politólogo.
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