Nemtsov foi morto a tiros em ponte próxima ao Kremlin Foto: Dária Sokolova
O assassinato do líder oposicionista Boris Nemtsov travou qualquer esperança de transição política pacífica na Rússia para longe do governo do presidente Vladímir Pútin, declarou em entrevista Garry Kasparov, figura proeminente da oposição.
O ex-campeão mundial de xadrez, que vive em exílio voluntário nos Estados Unidos, traçou uma perspectiva sombria para a oposição política da Rússia depois que Nemtsov foi assassinado a pouco metros do Kremlin na sexta-feira passada (27).
“Boris tinha esperança, em vão como percebemos, de ver alguma forma de transição pacífica para um governo democrático normal, civilizado”, disse Kasparov, descrevendo Nemtsov como um dos principais defensores da expressão política de não violência.
Nemtsov, 55 anos, era um dos nomes mais fortes de uma oposição dividida lutando para retomar seu espaço, três anos depois de protestos contra Pútin não terem conseguido impedi-lo de voltar à Presidência.
Autoridades russas sugeriram que a própria oposição poderia estar por trás dos tiros que mataram Nemtsov, “na tentativa de criar um mártir e unir o movimento fragmentado”.
Kasparov, assim como outros partidários de Nemtsov, suspeita que as autoridades russas seriam responsáveis pelo assassinato, enviando uma mensagem clara para os ativistas anti-Pútin.
“É um sinal para todo mundo envolvido em atividades de oposição de que vale tudo”, disse Kasparov. “Nós não vamos perder tempo processando-o (...) fingindo que respeitamos o Estado de Direito. Vamos simplesmente eliminá-lo.”
Kasparov não possui guarda-costas nos Estados Unidos e diz não se sentir em perigo, sobretudo por estar fora da Rússia. Ele também disse que não pretende voltar a Moscou, nem mesmo para participar do enterro de Nemtsov nesta terça-feira (3). “Eu não compro passagens só de ida.”
Questionado sobre estratégias políticas daqui para frente, Kasparov foi contundente: “Não tenho nenhuma estratégia. Não é um jogo de xadrez. No xadrez há regras”.
Publicado originalmente pelo jornal The Moscow Times
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