Na última sexta-feira (6), a chanceler alemã Angela Merkel (esq.) e o presidente francês François Hollande (dir.) estiveram na capital russa para conversações com seu homólogo, Vladímir Pútin Foto: Reuters
Nesta quarta-feira (11), os líderes da Rússia, Alemanha, França e Ucrânia se reunirão mais uma vez em Minsk. Do resultado desse encontro poderá surgir uma nova versão do plano de resolução para o conflito no Donbass. Mas, para isso, as partes devem primeiro resolver uma série de questões controversas.
“A preparação em várias etapas para as negociações de amanhã mostra que já foi alcançado um acordo referente aos principais pontos e que agora estão sendo negociados detalhes”, disse à Gazeta Russa o professor de ciência política do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (Mgimo, na sigla em russo), Kirill Koktich.
O primeiro ponto envolve o desejo das milícias em alcançar o reconhecimento de independência. “Moscou tentará consolidar documentalmente as recentes vitórias militares das milícias e acordar uma nova ‘linha de contato’ que implique na transferência de todo o território das regiões de Donetsk e Lugansk sob o controle de milícias”, diz o vice-diretor do Centro de Estudos Integrados e Internacionais da Escola Superior de Economia, Dmítri Suslov.
Segundo o especialista, é improvável que se consiga cumprir as exigências por completo, mas a nova linha de contato com a Ucrânia, independentemente do posicionamento de Kiev, será provavelmente traçada.
A nova linha de contato pode se tornar permanente se as partes acordarem na colocação de suas forças de paz por toda a sua extensão. Moscou irá agir de modo a que o contingente das forças de paz proposto por Paris e Berlim seja formado sob os auspícios da ONU ou da OSCE, e não inclua representantes dos países-membros da Otan, sugere Suslov.
De mãos atadas
O segundo problema que surge nas negociações se refere à federalização da Ucrânia. “A Rússia vai insistir para que Kiev se comprometa a realizar uma reforma política, garantindo não só a autonomia das regiões orientais da Ucrânia, mas também a possibilidade de participação delas no governo do país”, acrescenta Suslov.
No entanto, mesmo se o presidente ucraniano Petrô Porochenko concordar com a proposta, não será fácil conseguir a federalização. “Em primeiro lugar, ele depende do Ocidente. Além disso, a situação também está atrelada ao agressivo ambiente interno da extrema-direita”, explica o cientista político e especialista em assuntos no espaço pós-soviético, Andrêi Epifantsev.
“A solução final só será possível quando ocorrer uma mudança no equilíbrio de poder em Kiev, e a Ucrânia estiver internamente pronta para assumir compromissos e realizar uma reforma política. Temo que, para isso, tenha ainda que se derramar muito sangue e se passar por grande privação econômica”, arremata Suslov.
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