De acordo com analistas políticos russos, a declaração de Pútin quis destacar a dependência de Kiev ao Ocidente Foto: Reuters
Na última segunda-feira (26), o presidente russo Vladímir Pútin acusou o Exército ucraniano de ser uma “legião estrangeira da Otan, que não tem como objetivo a defesa dos interesses nacionais da Ucrânia”.
Segundo Pútin, por trás do grupo há outro objetivo geopolítico: conter a Rússia, “o que não corresponde com os interesse do povo ucraniano”, acrescentou o presidente.
No mesmo dia, em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, rebateu as acusações feita por Pútin, afirmando que as declarações do líder russo não fazem sentido.
“A declaração de que existe uma legião estrangeira na
Ucrânia não faz sentido algum. Não há legião da Otan, as forças estrangeiras na
Ucrânia são russas”, disse Stoltenberg, após uma reunião extraordinária sobre a
situação na Ucrânia.
Dependência do Ocidente
De acordo com analistas políticos russos, a declaração de Pútin quis destacar a dependência de Kiev em relação ao Ocidente.
“É evidente que as Forças Armadas da Ucrânia não são uma estrutura da Otan, mas Pútin quis dizer que o regime ucraniano não atua por sua própria iniciativa”, disse à Gazeta Russa o vice-presidente do Instituto de Estratégia Nacional, Víktor Militariov.
O líder russo teria, segundo Militariov, se expressado de forma ríspida para alcançar um objetivo definido. “Ao sublinhar a dependência das autoridades em Kiev, ele exorta Washington a participar das negociações diretas sobre a crise na Ucrânia.”
O copresidente do Conselho de Estratégia Nacional, Ióssif Dískin, concorda com Militariov, mas acredita que o destinatário da declaração não é Washington, mas sim Bruxelas.
“É um sinal para a União Europeia, que, segundo Pútin, deve pensar sobre seus próprios interesses, que não são baseados na solidariedade atlântica”, sugere Dískin.
Tiro pela culatra
Segundo o especialista militar e editor-chefe do jornal oposicionista “Iejednévni Jurnal”, Aleksander Golts, ao fazer tal pronunciamento, Pútin involuntariamente apresentou a Rússia como uma parte do conflito na Ucrânia.
“As operações militares estão sendo realizadas no território ucraniano, não na Rússia. Se ele acredita que o objetivo das operações militares é conter a Rússia, quem está lutando contra os batalhões voluntários no país vizinho?, questiona Golts.
O especialista aponta ainda que a fala presidente russo “reflete sua irritação pela impossibilidade de congelar o conflito no formato de Normandia, e, assim, garantir que a Ucrânia não se tornará parte da Otan”.
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