"Lamentavelmente, a imprensa ocidental multiplica apenas as opiniões e declarações antirrussas", disse Naríchkin Foto: Serguêi Kúksin/RG
As relações parlamentares foram uma das primeiras vítimas da deterioração do diálogo entre a Rússia e o Ocidente. Hoje em dia, o intercâmbio parlamentar, sobretudo com os EUA e a União Europeia, é praticamente nulo. Quais são as perspectivas nessa esfera?
O fato de parlamentares estrangeiros fazerem afirmações extremamente radicais contra a Rússia é, talvez, compreensível. É que as declarações deste tipo são sempre as mais ressonantes. No entanto, há parlamentares, e não poucos, que analisam de modo bem real tanto a situação da Ucrânia, como os motivos que levaram à quebra de confiança na Europa.
Já ouvimos, por mais de uma vez, parlamentares fazerem críticas agudas ao seu próprio governo e à União Europeia. Lembro-me até de um deles ter dito que a UE tomara a Europa como seu refém.
Lamentavelmente, a imprensa ocidental multiplica apenas as opiniões e declarações antirrussas. Uma imprensa considerada tão livre está tapando deliberadamente seus olhos e ouvidos. Por exemplo, em um encontro com parlamentares franceses e outros, em Paris, a mídia francesa esteve ausente. Não estaria interessada? Mais tarde, fomos informados de que estaria “recebendo recomendações”.
Fiquei espantado. Pensei, então, na democracia russa, que ainda é jovem. Mesmo assim, seria impensável que isso acontecesse em nosso país. O Ministério dos Negócios Exteriores russo consideraria uma vergonha manipular os jornalistas dessa forma.
O que fazer diante de situações como essa?
Continuar a expor incansavelmente a nossa posição, dizer a verdade. Intervir nos espaços parlamentares internacionais: assembleias da OSCE e do Conselho da Europa, ainda que nos veem com maus olhos.
Vamos continuar contribuindo financeiramente com a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa?
Sim, pois a contribuição russa se destina a sustentar o trabalho de toda a estrutura do Conselho da Europa, ou seja, Conselho de Ministros, Assembleia Parlamentar e a chamada Comissão de Veneza. Porém, se a assembleia não restabelecer integralmente os direitos da delegação parlamentar russa, teremos de pensar qual será a cota justa.
Como o senhor analisa o relacionamento da Rússia com os parlamentares norte-americanos?
Nunca houve uma relação palpável com os nossos parceiros dos EUA. A propósito, no início da crise, propusemos um encontro. E eles disseram: “Não estamos interessados”. Todo mundo sabe que só evita o diálogo quem tem consciência da fraqueza de sua posição.
E as relações parlamentares entre a Rússia e a Ucrânia? O que podemos esperar do novo Parlamento ucraniano?
Atualmente, os contatos com o Parlamento da Ucrânia estão congelados. Neste caso, também não somos culpados. Propusemos, por exemplo, a criação, no seio da OSCE, de um grupo parlamentar internacional que se ocupasse da situação ucraniana. Devíamos ter a primeira reunião em Genebra. Uns dias antes da data, os norte-americanos comunicaram sua ausência, e logo depois os poloneses. No último dia, foram os próprios ucranianos que se recusaram. Pelo visto, ocorreu aos três países a ideia comum de bloquear o trabalho do grupo. Mesmo assim, esperamos que esse grupo cumpra sua missão.
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: