“Não queremos competir com o Ocidente nem erguer uma nova Cortina de Ferro”

O líder disse também achar natural que muita coisa na Rússia esteja associada a seu nome Foto: TASS

O líder disse também achar natural que muita coisa na Rússia esteja associada a seu nome Foto: TASS

Em entrevista à agência TASS, o presidente russo Vladímir Pútin falou sobre interesses políticos, reeleição e retomada da Crimeia, entre outros temas polêmicos. Confira abaixo os principais destaques da conversa com o líder russo na série especial “Figuras do Estado”.

Interesses geopolíticos e agenda própria

“Nós não precisamos competir [com o Ocidente]. (...) Temos que implementar calmamente a nossa agenda. Mas se a Rússia começa a falar sobre isso, a proteger as pessoas e os seus interesses, logo vira um país mau.

Mal a Rússia fica de pé, ganha força e começa a reivindicar o direito de defender os seus interesses, e imediatamente muda-se a atitude em relação ao próprio Estado e a seus líderes.

Não devemos reforçar nem dramatizar [a situação]. Precisamos entender que o mundo está construído dessa forma. Que essa é uma luta por interesses geopolíticos, atrás dos quais está a importância do país e a sua capacidade de gerar uma economia nova, de resolver os problemas sociais e melhorar o nível de vida dos seus cidadãos.

A luta pelos interesses geopolíticos fortalece o país e o torna mais eficaz na resolução de questões financeiras, de defesa, econômicas e, consequentemente, sociais, ou então que faz com que o país escorregue para o nível de nações de pouca importância, perdendo a oportunidade de defender os interesses do seu povo.”

Isolamento

“Nós não construímos e não construiremos [ barreira para isolar a Rússia do resto do mundo]. Entendemos o quão destrutiva uma cortina de ferro é para nós. Também na história de outras nações houve períodos em que países tentaram se isolar do resto do mundo, tendo pago um preço muito alto por isso – quase a sua total degradação e colapso. De modo algum estamos indo por esse caminho, e ninguém está construindo nenhum muro em volta da gente. É impossível isso acontecer.”

Diferenças no G7

“Não, não sinto [desconforto quanto ao esfriamento das relações com o grupo dos 7]. O que eu preciso é obter resultados. (...) Sabe, se quisermos cumprimentar uns aos outros com uns tapinhas no ombro, tratar todo mundo por amigo e realizar encontros do G8, mas todo o valor dessas conversas informais se resumir à autorização para nos sentarmos juntos, sem levar em conta os nossos interesses nem a posição da Rússia na solução de algumas questões essenciais, então para que precisamos daquilo?”

Reeleição

Questionado se pretendia permanece no poder para sempre, Pútin foi enfático: “Não. (..) Isso é errado, é ruim para o país e eu não preciso disso.”

“Existe a possibilidade de eu me candidatar novamente. A Constituição permite, mas isso, de modo algum, significa que eu vá tomar essa decisão. (...) Vou partir do contexto geral, da compreensão interna, do meu próprio estado de espírito”, disse o presidente, acrescentando ser cedo para pensar nisso.

Poder soberano

“É uma opinião equivocada, um engano [de que tudo na Rússia depende dele]. As coisas não são assim. Apenas parece que tudo depende do chefe de Estado.”

No entanto, Pútin reconheceu que em algumas questões em que não há consenso “surge, de fato, a necessidade de intervir. Mas dizer que é o presidente que resolve sempre todas as questões e que tudo depende dele...Isso não é verdade.”

O líder disse também achar natural que muita coisa na Rússia esteja associada a seu nome. “O chefe de Estado, a principal figura política da nação, é sempre associado com o país de uma ou outra forma e isso não se aplica exclusivamente à Rússia.”

Estratégia na Crimeia

Questionado sobre as consequências das ações russas na Crimeia, Pútin não titubeou: “Foi uma decisão estratégica”.

“Quando o russo sente que a razão está a seu lado, ele se torna invencível. (...) Agora, se nós sentíssemos que em algum lugar – e peço desculpa pela linguagem – fizemos porcaria e fomos injustos, então tudo estaria por um fio. Quando não existe convicção em nossos atos, isso leva a movimentos perigosos. Neste caso concreto, eu não tenho dúvidas”, acrescentou o presidente.

 

Publicado originalmente pela agência Tass


Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies