O líder disse também achar natural que muita coisa na Rússia esteja associada a seu nome Foto: TASS
Interesses geopolíticos e agenda própria
“Nós não precisamos competir [com o Ocidente]. (...) Temos que implementar calmamente a nossa agenda. Mas se a Rússia começa a falar sobre isso, a proteger as pessoas e os seus interesses, logo vira um país mau.
Mal a Rússia fica de pé, ganha força e começa a reivindicar o direito de defender os seus interesses, e imediatamente muda-se a atitude em relação ao próprio Estado e a seus líderes.
Não devemos reforçar nem dramatizar [a situação]. Precisamos entender que o mundo está construído dessa forma. Que essa é uma luta por interesses geopolíticos, atrás dos quais está a importância do país e a sua capacidade de gerar uma economia nova, de resolver os problemas sociais e melhorar o nível de vida dos seus cidadãos.
A luta pelos interesses geopolíticos fortalece o país e o torna mais eficaz na resolução de questões financeiras, de defesa, econômicas e, consequentemente, sociais, ou então que faz com que o país escorregue para o nível de nações de pouca importância, perdendo a oportunidade de defender os interesses do seu povo.”
Isolamento
“Nós não construímos e não construiremos [ barreira para isolar a Rússia do resto do mundo]. Entendemos o quão destrutiva uma cortina de ferro é para nós. Também na história de outras nações houve períodos em que países tentaram se isolar do resto do mundo, tendo pago um preço muito alto por isso – quase a sua total degradação e colapso. De modo algum estamos indo por esse caminho, e ninguém está construindo nenhum muro em volta da gente. É impossível isso acontecer.”
Diferenças no G7
“Não, não sinto [desconforto quanto ao esfriamento das relações com o grupo dos 7]. O que eu preciso é obter resultados. (...) Sabe, se quisermos cumprimentar uns aos outros com uns tapinhas no ombro, tratar todo mundo por amigo e realizar encontros do G8, mas todo o valor dessas conversas informais se resumir à autorização para nos sentarmos juntos, sem levar em conta os nossos interesses nem a posição da Rússia na solução de algumas questões essenciais, então para que precisamos daquilo?”
Reeleição
Questionado se pretendia permanece no poder para sempre, Pútin foi enfático: “Não. (..) Isso é errado, é ruim para o país e eu não preciso disso.”
“Existe a possibilidade de eu me candidatar novamente. A Constituição permite, mas isso, de modo algum, significa que eu vá tomar essa decisão. (...) Vou partir do contexto geral, da compreensão interna, do meu próprio estado de espírito”, disse o presidente, acrescentando ser cedo para pensar nisso.
Poder soberano
“É uma opinião equivocada, um engano [de que tudo na Rússia depende dele]. As coisas não são assim. Apenas parece que tudo depende do chefe de Estado.”
No entanto, Pútin reconheceu que em algumas questões em que não há consenso “surge, de fato, a necessidade de intervir. Mas dizer que é o presidente que resolve sempre todas as questões e que tudo depende dele...Isso não é verdade.”
O líder disse também achar natural que muita coisa na Rússia esteja associada a seu nome. “O chefe de Estado, a principal figura política da nação, é sempre associado com o país de uma ou outra forma e isso não se aplica exclusivamente à Rússia.”
Estratégia na Crimeia
Questionado sobre as consequências das ações russas na Crimeia, Pútin não titubeou: “Foi uma decisão estratégica”.
“Quando o russo sente que a razão está a seu lado, ele se torna invencível. (...) Agora, se nós sentíssemos que em algum lugar – e peço desculpa pela linguagem – fizemos porcaria e fomos injustos, então tudo estaria por um fio. Quando não existe convicção em nossos atos, isso leva a movimentos perigosos. Neste caso concreto, eu não tenho dúvidas”, acrescentou o presidente.
Publicado originalmente pela agência Tass
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