Kremlin reconhece novo presidente eleito na Abecásia

Raul Khajimba venceu as eleições presidenciais da Abecásia ocorridas em 24 de agosto Foto: ITAR-TASS

Raul Khajimba venceu as eleições presidenciais da Abecásia ocorridas em 24 de agosto Foto: ITAR-TASS

Especialistas acreditam que as eleições foram as primeiras no país totalmente livres de influência externa.

O presidente russo, Vladímir Pútin, felicitou o novo presidente eleito da República da Abecásia (república autônoma ao norte da Geórgia, na região do Cáucaso), Raul Khajimba, pela vitória e se comprometeu a trabalhar no sentido de fortalecer ainda mais as relações entre os países. Analistas políticos russos afirmam que o novo presidente terá de resolver duas tarefas difíceis: superar o conflito interno entre as elites locais e fazer do país, que não é reconhecido pela maioria dos países do mundo, um local atraente para investidores e turistas.

Raul Khajimba venceu as eleições presidenciais da Abecásia ocorridas em 24 de agosto. Antes de ser eleito, Khajimba havia comentado que considerava necessário a assinatura de um novo acordo intergovernamental entre Sukhumi e Moscou na área de segurança, mas agora talvez tal iniciativa seja supérflua, tendo em vista as “relações associativas” entre a Rússia e a Abecásia.

Apesar da Rússia e outros poucos países reconhecerem a independência da Abecásia, a maioria dos Estados consideraram essa eleição ilegítima. O ministro da Reconciliação e Igualdade Civil da Geórgia, Paata Zakareichvili,  declarou à Gazeta Russa: “Devemos lembrar que Tbilisi considera a Abecásia parte da Geórgia e se recusa a reconhecer sua independência. Logicamente, nós acompanhamos as eleições, apesar de não considerá-las legítimas. Ao mesmo tempo, apesar disto, estamos prontos a negociar e cooperar com os líderes locais que irão governar a sociedade da Abecásia”.

O cientista político abecaz Ilan Khachig, em conversa com a Gazeta Russa, observou que a vitória de Khajimba não foi resultado de influência externa. “De fato, ao contrário de anos anteriores, durante a campanha eleitoral nenhum delegado estrangeiro visitou o país. Por isso, considero que o resultado das eleições dependeu exclusivamente da população da Abecásia”, disse.

Khajimba, que já foi chefe da KGB na Abecásia e vice-presidente, logrou êxito depois da quarta tentativa: ele perdeu duas eleições para Serguêi Bagapsh e uma para Aleksandr Ankvab. Ele ainda tentou emplacar um pupilo seu, Vladislav Ardzinba, também sem sucesso. Em 2004, os resultados desfavoráveis da eleição quase jogaram o país em uma guerra civil.

Legado problemático

O chefe do Instituto Moscovita de Novos Estados, Aleksêi Martinov, afirmou à Gazeta Russa que os novos presidentes sempre encontram problemas quando tentam resolver a primeira e mais importante tarefa de seus governos: escolher a equipe de novos ministros capazes de trazer progresso à república. “Neste caso, será de fundamental importância escolher gente capaz de definir o caráter das relações com o os países vizinhos, em especial a Rússia”, completou.

Já Aleksêi Martinov, diretor do Instituto de Pesquisas Políticas e membro do Congresso russo, afirmou que deposita fé em Khajimba e espera que o novo presidente seja digno da função. “Ele possui uma larga experiência política. Além disso, é muito resiliente – muitos depois de tantas derrotas já teriam caído no ostracismo. Entretanto, Khajimba continuou sua luta e agora é um político muito experiente”, afirmou. 

 

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