Pútin promete influenciar rebeldes separatistas para estabelecer paz na Ucrânia

Vladímir Pútin deixou de lado ameaças e acusações contra o Ocidente e prometeu cooperar com o restabelecimento da paz na Ucrânia Foto: ITAR-TASS

Vladímir Pútin deixou de lado ameaças e acusações contra o Ocidente e prometeu cooperar com o restabelecimento da paz na Ucrânia Foto: ITAR-TASS

O presidente falou sobre desafios que a Rússia pode enfrentar e disse que país responderá “adequadamente”.

Durante a última reunião do Conselho de Segurança da Rússia, o presidente Vladímir Pútin deixou de lado ameaças e acusações contra o Ocidente e prometeu cooperar com o restabelecimento da paz na Ucrânia, fazendo “tudo o que está ao alcance” para influenciar os rebeldes que combatem o governo de Kiev. Putin disse ainda que não há ameaças militares diretas contra a Rússia e que o país responderá "adequada e sistematicamente" aos desafios que possam surgir.

O presidente deixou claro que a Rússia não se entregará ao Ocidente, não permitirá "revoluções coloridas" em seu território e fará todo o possível para proteger sua soberania.

"No mundo, cada vez mais se fala a língua das sanções, perde-se a própria noção de soberania nacional e se desestabilizam os países que tentam fazer políticas independentes", enumerou Pútin, citando os principais desafios que a Rússia tem enfrentado.

Não há ameaças diretas, no entanto, isso não significa a ausência de ameaças indiretas. Sobre elas, o presidente russo disse: "Nós responderemos adequada e proporcionalmente à aproximação das nossas fronteiras de infraestrutura militar da Otan, e não deixaremos sem atenção a implantação de um sistema de defesa antimísseis global e a construção de reservas de armas estratégicas não-nucleares de alta precisão".

Em entrevista à Gazeta Russa, Aleksêi Arbatov, diretor do Centro de Segurança Internacional da Academia Russa de Ciências, declarou que no discurso de Putin enfatizou-se a importância da soberania dos Estados, mas não se mencionou o direito de autodeterminação dos povos.

"No que concerne à Ucrânia, a Rússia vai respeitar a integridade territorial do país e Putin fará todo o possível para que o conflito seja resolvido pacificamente. E, como disse o presidente, ele influenciará os rebeldes para que entrem em trégua e se estabeleça o trabalho dos especialistas internacionais na área do acidente com o Boeing, e também ajudará nas negociações para a solução do conflito com Kiev", disse Arbatov.

O especialista lembrou que, de acordo com Putin, a Rússia hoje não tem ameaça militar externa. No entanto, há temas que preocupam, em particular os EUA e a Otan, com o seu sistema de defesa antimísseis na Europa. Mas Arbatov ressaltou que o tom do presidente era calmo, em comparação com o que foi dito sobre este assunto antes.

Como lembrou o especialista, os Estados Unidos não voltaram a falar sobre sua decisão de iniciar a quarta fase de implantação do sistema antimísseis na Europa, que preocupa seriamente o lado russo.

"Os Estados Unidos não retomaram este plano, que envolve a implantação de novas bases militares e a realocação de agrupamentos de tropas. Por isso o tom de Putin estava calmo. Eu acredito que o presidente não é contra nem mesmo a retomada do diálogo sobre o controle de armas", disse o especialista.

De acordo com Gleb Pavlóvski, presidente da Fundação de Política Eficaz, "Pútin adota agora, em essência, uma linha muito moderada e razoável, consciente dos problemas surgidos".  Como o especialista lembrou em entrevista ao jornal "Moskóvski Komsmolets", a liderança russa agora entende o isolamento internacional como uma ameaça e pretende "aliviar a crise". "Esta tendência está evidente há algum tempo. Mas agora, Putin manifestou a sua disposição de influenciar os rebeldes. Até agora, eu noto que isso não havia ocorrido", sublinhou o cientista político.

O decano da Faculdade de Economia e Política Mundial da Escola Superior de Economia, Serguêi Karaganov, disse em entrevista à "Gazeta.RU", que o discurso de Pútin é conciliador. Ele atesta o fato de que "a Rússia não passará a uma nova escalada de confrontações", e "isto é uma mensagem a todos, inclusive às elites burocráticas".

 

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