Após escândalo diplomático, Moscou evita agravar situação na Transnístria

A introdução de sanções econômicas por parte da Rússia enterraria a economia de Kichinev Foto: RIA Nóvosti

A introdução de sanções econômicas por parte da Rússia enterraria a economia de Kichinev Foto: RIA Nóvosti

Visita do vice-premiê russo, Dmitri Rogózin, à região no Dia da Vitória, comemorado na última sexta-feira (9), terminou em escândalo. Países vizinhos da república oficialmente não reconhecida não permitiram o pouso do avião a bordo do qual estava o representante oficial nomeado por Pútin.

A Ucrânia e a Romênia fecharam o seu espaço aéreo para avião o governo russo. Mesmo depois de o vice-premiê russo ter abandonado o veículo oficial e pegar um voo comercial para Moscou, o avião com a delegação russa não foi liberado da Moldávia.

Depois de o avião ser forçado a pousar em Kichinev, capital moldova, os oficiais russos foram submetidos a revista.  O objetivo das buscas das forças de segurança da Moldávia era a petição defendendo a anexação da Transnístria à Rússia, com 30.000 assinaturas de locais, reunidas por ativistas da região e entregues ao Kremlin.

Ao que tudo indica, o incidente envolvendo a humilhação do vice-premiê russo resultará em perdas para a própria Moldávia. Rogózin logo anunciou um futuro sistema de vistos entre os países, que pode significar um desastre para a economia da Moldávia. De acordo com estimativas gerais, 800.000 imigrantes moldavos trabalham na Rússia.

“Por que devemos manter o status atual, se a Moldávia, que se alimenta e complementa o seu orçamento pelas remessas dos seus emigrantes, deixa de ser próxima, ou mesmo neutra, em relação ao Estado russo?”, declarou o vice-premiê. Em tom de brincadeira, Rogózin disse que, se não permitirem a entrada do seu avião na Transnístria da próxima vez, ele voará para lá em um bombardeiro estratégico.

Tambor eleitoral

A introdução de sanções econômicas por parte da Rússia enterraria a economia de Kichinev. Mas isso também ajudaria os políticos com assento no governo a vencerem as eleições parlamentares de novembro. “As autoridades da Moldávia querem, desse modo, agitar o seu eleitorado”, diz o analista político russo Serguêi Markedonov.

“Depois das últimas eleições, o principal concorrente do atual governo – o Partido Comunista da Moldávia – parecia ter perdido a sua posição. No entanto, agora, o pêndulo pode oscilar na direção oposta e os comunistas, céticos em relação à integração europeia, têm algumas chances de ganhar em novembro”, explica Markedonov.

Os moldavos que defendem a integração europeia descrevem essa possível vitória como uma grande perda para o país. “Se os comunistas vencerem, vamos virar para o modelo de desenvolvimento da Eurásia e da estagnação”, defende o líder do Partido Liberal Democrático da Moldávia, Vladímir Filat.

Enquanto isso, o líder dos comunistas da Moldávia, Vladímir Voronin, diz que “o escoamento do nosso mercado e a chave para o nosso desenvolvimento está na Rússia”, embora não seja possível considerá-lo um político absolutamente pró-Rússia. “Não devemos esquecer que o plano de Kozak [roteiro para resolver o conflito na Transnístria – Gazeta Russa] foi frustrado precisamente pelos líderes comunistas e pelo próprio Voronin”, contesta Serguêi Markedonov.

Resposta no futuro

Parece que Moscou entendeu o jogo de Kichinev e, por isso, deve se abster de sanções graves em um futuro próximo.

O incidente com o avião de Rogózin demonstrou que a república não reconhecida se encontra entre Estados hostis a Moscou e sequer faz fronteira direta com a Rússia. A anexação desse território seria problemática, garantem os observadores.

Em médio prazo, é provável que Moscou assuma uma postura mais ativa na questão da Transnístria, onde vivem cidadãos russos e há enormes depósitos de armamento soviético.

As autoridades da Moldávia procederam à revisão do tratado de paz soviético-romeno de 1940 e à reunificação com a Romênia. No entanto, nesse caso, será a própria Moldávia a dar fundamentos legais para a separação de sua região separatista.

Ao unir-se à Romênia, somente a parte da Moldávia que foi tirada so Estado romeno pela União Soviética é que retornará ao país. O território da atual Transnístria, no entanto, não fazia parte da Romênia.

 

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies