A introdução de sanções econômicas por parte da Rússia enterraria a economia de Kichinev Foto: RIA Nóvosti
A Ucrânia e a Romênia fecharam o seu espaço aéreo para avião o governo russo. Mesmo depois de o vice-premiê russo ter abandonado o veículo oficial e pegar um voo comercial para Moscou, o avião com a delegação russa não foi liberado da Moldávia.
Depois de o avião ser forçado a pousar em Kichinev, capital moldova, os oficiais russos foram submetidos a revista. O objetivo das buscas das forças de segurança da Moldávia era a petição defendendo a anexação da Transnístria à Rússia, com 30.000 assinaturas de locais, reunidas por ativistas da região e entregues ao Kremlin.
Ao que tudo indica, o incidente envolvendo a humilhação do vice-premiê russo resultará em perdas para a própria Moldávia. Rogózin logo anunciou um futuro sistema de vistos entre os países, que pode significar um desastre para a economia da Moldávia. De acordo com estimativas gerais, 800.000 imigrantes moldavos trabalham na Rússia.
“Por que devemos manter o status atual, se a Moldávia, que se alimenta e complementa o seu orçamento pelas remessas dos seus emigrantes, deixa de ser próxima, ou mesmo neutra, em relação ao Estado russo?”, declarou o vice-premiê. Em tom de brincadeira, Rogózin disse que, se não permitirem a entrada do seu avião na Transnístria da próxima vez, ele voará para lá em um bombardeiro estratégico.
Tambor eleitoral
A introdução de sanções econômicas por parte da Rússia enterraria a economia de Kichinev. Mas isso também ajudaria os políticos com assento no governo a vencerem as eleições parlamentares de novembro. “As autoridades da Moldávia querem, desse modo, agitar o seu eleitorado”, diz o analista político russo Serguêi Markedonov.
“Depois das últimas eleições, o principal concorrente do atual governo – o Partido Comunista da Moldávia – parecia ter perdido a sua posição. No entanto, agora, o pêndulo pode oscilar na direção oposta e os comunistas, céticos em relação à integração europeia, têm algumas chances de ganhar em novembro”, explica Markedonov.
Os moldavos que defendem a integração europeia descrevem essa possível vitória como uma grande perda para o país. “Se os comunistas vencerem, vamos virar para o modelo de desenvolvimento da Eurásia e da estagnação”, defende o líder do Partido Liberal Democrático da Moldávia, Vladímir Filat.
Enquanto isso, o líder dos comunistas da Moldávia, Vladímir Voronin, diz que “o escoamento do nosso mercado e a chave para o nosso desenvolvimento está na Rússia”, embora não seja possível considerá-lo um político absolutamente pró-Rússia. “Não devemos esquecer que o plano de Kozak [roteiro para resolver o conflito na Transnístria – Gazeta Russa] foi frustrado precisamente pelos líderes comunistas e pelo próprio Voronin”, contesta Serguêi Markedonov.
Resposta no futuro
Parece que Moscou entendeu o jogo de Kichinev e, por isso, deve se abster de sanções graves em um futuro próximo.
O incidente com o avião de Rogózin demonstrou que a república não reconhecida se encontra entre Estados hostis a Moscou e sequer faz fronteira direta com a Rússia. A anexação desse território seria problemática, garantem os observadores.
Em médio prazo, é provável que Moscou assuma uma postura mais ativa na questão da Transnístria, onde vivem cidadãos russos e há enormes depósitos de armamento soviético.
As autoridades da Moldávia procederam à revisão do tratado de paz soviético-romeno de 1940 e à reunificação com a Romênia. No entanto, nesse caso, será a própria Moldávia a dar fundamentos legais para a separação de sua região separatista.
Ao unir-se à Romênia, somente a parte da Moldávia que foi tirada so Estado romeno pela União Soviética é que retornará ao país. O território da atual Transnístria, no entanto, não fazia parte da Romênia.
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