Khodorkóvski tenta assumir papel de negociador na crise ucraniana

Iniciativa de Mikhail Khodorkóvski não encontrou apoio em território russo Foto: AP

Iniciativa de Mikhail Khodorkóvski não encontrou apoio em território russo Foto: AP

Conferência “Ucrânia-Rússia: o Diálogo”, realizada em Kiev nos dias 24 e 25 de abril, contou com a participação de intelectuais, jornalistas, escritores e políticos. Iniciativa do ex-chefe da petrolífera Yukos, Mikhail Khodorkóvski, não agradou, porém, especialistas russos. Ex-oligarca foi acusado de manter visão preconcebida do conflito e ser incapaz de atingir os objetivos propostos.

Recentemente anistiado pelo presidente Vladímir Pútin, Khodorkóvski reuniu em Kiev figuras públicas russas e ucranianas com o intuito de elaborar um plano de resolução da crise política no país. “Estamos aqui por diversos motivos, mas o principal é a nossa discordância com a política do presidente da Federação Russa referente à situação ucraniana”, anunciou o ex-oligarca no discurso de abertura do evento.

Segundo ele, as recentes medidas tomadas por Pútin não passam de vingança pessoal. “Nós, cidadãos russos, podemos apenas lamentar que, em vez de resolver os problemas estratégicos do país, o presidente está retribuindo a ofensa pessoal usando o poder oferecido pelo povo”. O ressentimento teria sido provocado pela “revolução ucraniana e expulsão do ex-presidente corrupto Viktor Ianukovitch e sua administração do território ucraniano”.

Compareceram no evento especialistas nas áreas política e econômica, assim como artistas e opositores. “Viemos à Ucrânia para ter uma opinião própria em relação aos acontecimentos recentes no país que não dependam das informações fornecidas pela mídia subordinada ao atual governo da Rússia”, disse Ekaterina Gordeeva, apresentadora de televisão e representante de oposição, durante discurso no congresso.

O primeiro dia da conferência foi dedicado à liberdade de expressão em ambos os países. Os representantes da delegação ucraniana acusaram os participantes russos de falta de princípio devido à presença da emissora de televisão russa NTV – acusada de divulgar informações encomendadas pelo governo.

Logo depois, os russos deixaram a sala, ressaltando a ausência de qualquer ligação com o grupo nacionalista Setor de Direita. “Uma viagem a Slaviánsk seria mais produtiva”, lamentou um dos participantes.

Imagem lucrativa

A iniciativa de Mikhail Khodorkóvski não encontrou apoio em território russo. “Nenhum politico ambicioso se manifestaria a favor do inimigo militar do próprio Estado, seja qual for a sua atitude para com o governo”, destacou em seu blog o jornalista Dmítri Olchanski.

Serguêi Markov, diretor do Instituto de Pesquisas Políticas e membro da Câmara Civil da Federação Russa, acredita que ex-oligarca está tento se estabelecer em um novo nicho político. “A sua posição contrária tanto à Rússia, quanto a todos os aspectos ligados a ela, foi formada de acordo com seus objetivos e patrocínios. É um ódio muito bem remunerado”, disse Markov em entrevista à Gazeta Russa. “Se trair a pátria, ele poderá ser aceito pelo povo ucraniano.”

Nem mesmo os representantes da oposição russa aprovaram a ideia de realizar a conferência conjunta russo-ucraniana. Embora tenha expressado certo interesse pelo evento, o líder do partido Escolha Democrática, Vladímir Milov, chamou-o de “palhaçada que, felizmente, está acontecendo longe do território do país”.

Na opinião de Milov, a oposição russa é capaz de colocar em ordem as suas relações com a Ucrânia “sem qualquer tipo de assistência prestada por liberais desacreditados”.

 

Com material dos veículos RBK, Forbes e Vzgliad

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