Poklonskaia: "Sei que tem várias páginas que estão sendo gerenciadas supostamente em meu nome" Foto: ITAR-TASS
Rossiyskaya Gazeta: Você está assumiu a Procuradoria-Geral da Crimeia há quase um mês. Quais são as prioridades definidas?
Natália Poklonskaia: Antes de tudo, a proteção dos direitos e interesses jurídicos dos cidadãos., principalmente dos grupos sociais mais vulneráveis – crianças, pessoas com deficiência e veteranos. O pagamento de subsídios sociais, garantia do acesso a medicamentos e a meios de reabilitação. É dada especial atenção à supervisão do cumprimento das leis por parte das autoridades governamentais. A proteção dos direitos dos cidadãos à educação, melhores condições habitacionais, correção de salários e muitas outras questões estão sendo focadas pelos procuradores russos.
RG: Os procuradores da Crimeia são suficientemente qualificados para atender a tudo isso?
NP: Sabe, nós temos uma equipe muito bem coordenada. As pessoas entendem tudo e trabalham com entrega total. Afinal, um funcionário da Procuradoria-Geral simplesmente não tem o direito de cometer erros, das suas habilidades profissionais depende a vida das pessoas. Por isso estamos fazendo todo o possível para estudar todos os atos regulamentares necessários no mais curto espaço de tempo. Muitos de nós já passaram nos exames de requalificação de conhecimento da legislação da Federação Russa.
RG: Em geral, é fácil mudar do direito penal ucraniano para o russo?
NP: Para ser sincera, tem algumas questões que não são simples.
RG: Mas tem muitas diferenças específicas? Pode nos dar um exemplo?
NP: Tem diferenças significativas na organização do processo criminal. Anteriormente, a Procuradoria-Geral era o órgão que realizava a investigação pré-julgamento. Agora, a ordem é outra, a investigação é feita pelas autoridades competentes. Nós entregamos o material e efetuamos a supervisão processual. Ou ainda a questão da luta contra a corrupção, área em que estamos aprendendo novos métodos.
RG: Essa é a sua primeira posição de liderança?
NP: Estou na Procuradoria há mais de 12 anos. Comecei como auxiliar do procurador distrital de Krasnogvardeisk, na Crimeia. Entre 2006 e 2011 ocupei vários cargos nos gabinetes da Procuradoria de Eupatória e da Crimeia. Em 2011 e 2012 chefiei a Procuradoria Interdistrital de Defesa do Meio Ambiente de Simferopol. Depois trabalhei como chefe de seção da Procuradoria-Geral da Crimeia e como procuradora-chefe da Direção Principal da Procuradoria-Geral da Ucrânia.
Em fevereiro deste ano, escrevi uma carta de demissão, baseando a minha decisão no fato de sentir vergonha por viver em um país onde circulam livremente nas ruas neofascistas, que ditam as suas condições de acordo com o assim chamado “novo governo”. Eu sei que foi iniciado um processo criminal e que existe um mandado de captura contra mim na Ucrânia. Isso não me assusta, a minha consciência está limpa. Eu sempre agi de acordo com a lei. Deixo o medo de retaliações para aqueles que foram contra a vontade do povo e tomaram o poder.
RG: Saindo do universo da política, tem algo que muita gente gostaria de saber. Afinal, você tem a sua própria página nas redes sociais ou não?
NP: Eu sei que tem várias dezenas de páginas que estão sendo gerenciadas supostamente em meu nome. Mas posso garantir oficialmente que são todas falsas. O único site na internet do qual participo por ofício é a página da Procuradoria da República da Crimeia.
RG: Você acabou de desiludir fãs do mundo inteiro...
NP: Tendo em conta o volume de trabalho da Procuradoria da República da Crimeia e das tarefas que precisam ser resolvidas, não me sobra tempo para mais nada. Você mesmo vê que até mesmo nessa conversa estamos praticamente correndo...
RG: Muito em breve começa a temporada de praia do verão russo. Até que ponto é seguro vir agora descansar aqui na Crimeia?
NP: É absolutamente seguro. Os habitantes da Crimeia foram sempre famosos por sua hospitalidade e cordialidade. A situação da criminalidade na península tem melhorado muito. Comparando com o ano passado, verificamos uma diminuição no número total de crimes.
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: