Sevastopol, o porto seguro do Exército russo

Atualmente, 25 mil militares russos vivem na região Foto: Serguêi Savostianov/RG

Atualmente, 25 mil militares russos vivem na região Foto: Serguêi Savostianov/RG

Entenda a relação da Rússia com a região e por que o país precisa de uma base naval nas proximidades do mar Negro.

Ao longo da história, Sevastopol conquistou a fama de fortaleza inacessível para os inimigos. A cidade foi fundada por ordem da imperatriz russa Catarina II, a Grande, na costa sudoeste da península da Crimeia, onde havia ruínas da Grécia Antiga. A própria imperatriz escolheu o nome que significava “cidade grandiosa”  ou “sagrada”. O verdadeiro motivo para fundar uma cidade no local foi a existência de 30 baías profundas e protegidas de vento. A região tornou-se, então, a principal base russa do Mar Negro por muitos anos.

A Segunda Guerra Mundial foi a época mais difícil em toda a história da cidade. Os soldados do Exército Vermelho e os marinheiros da Frota do Mar Negro conseguiram resistir por 250 dias, mas Sevastopol acabou sendo conquistada pelos nazistas. Quando a guerra chegou ao fim, Sevastopol recebeu uma posição especial na hierarquia republicana da União Soviética. 

Mas uma iniciativa tomada pelo secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Khruschov, anexou a cidade de Sevastopol e a Crimeia ao território ucraniano, sem provocar mudanças significativas nas atividades da região. As autoridades ucranianas não foram autorizadas a interferir nos assuntos ligados ao governo local, pois, sendo considerada uma das principais bases navais da União Soviética, a cidade era supervisionada pelo Ministério da Defesa.

No início dos anos 1990, a realidade de Sevastopol e Crimeia sofreram mudanças drásticas devido à queda da União Soviética e a consequente independência da Ucrânia. Sete anos mais tarde, as autoridades russas e ucranianas assinaram o Tratado de Amizade e Cooperação, no qual a Rússia  reconhece Sevastopol como uma cidade ucraniana e fica obrigada a respeitar as fronteiras do país, enquanto a Ucrânia autoriza o uso da base naval de Sevastopol pelas forças armadas russas, assim como a permanência de sua Frota do Mar Negro na Crimeia até 2017.

Atualmente, 25 mil militares russos vivem na região, sem contar os familiares e os empregados departamentos da frota marítima não pertencentes às forças armadas. Outro acordo entre a Ucrânia e a Federação Russa, assinado em 1997, autorizam também a permanência de até 388 navios russos nas águas territoriais e região terrestre, e 161 aeronaves nos campos de pouso e decolagem nas cidades de Gvardeiski e Sevastopol.

Apesar de a quantidade de equipamentos militares russos autorizados a permanecer em território ucraniano corresponder ao poder das forças navais da Turquia, o Exército russo escolheu a transferência de apenas uma parte deles para a sua base do Mar Negro. O prazo de validade do presente contrato é de 20 anos, com prorrogação automática a cada cinco anos em caso de ausência de notificação escrita por uma das partes com, no mínimo, um ano de antecedência.

Se não fosse o bastante, um segundo contrato, assinado em 2010, prolongou a permanência da Frota do Mar Negro em Sevastopol até 2042, em troca de 98 milhões de dólares ao ano e um desconto de 100 dólares em cima de cada tonelada do gás natural russo exportada à Ucrânia.

A falta de um centro naval próprio nas proximidades do Mar Negro, assim como as baixas profundidades e ausência de infraestrutura no porto da cidade de Novorossisk, obrigam as autoridades russas a arcar com o aluguel milionário da base ucraniana. Além disso, a frota do Mar Negro possui um objetivo estratégico de proteger a região sul da Rússia, prevenindo o surgimento de porta-aviões dos potenciais inimigos naquelas águas.

 

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies