Olimpíadas de inverno e eleições regionais serão destaques de 2014

Uma série de ataques terroristas em Volgogrado seis semanas antes do início dos Jogos Olímpicos de Sôtchi colocou os serviços de segurança em alerta. Consequentemente, as medidas de segurança foram endurecidas, e a luta contra o terrorismo se tornou prioridade.

Os cossacos, povo nativo e guerreiro das estepes no sudeste europeu, foram então convocados para reforçar a segurança dos Jogos Olímpicos de Sôtchi, e a Rosaviatsia (agência federal de transporte aéreo) alterou as regras para transporte de líquidos a bordo de aviões, com exceção a medicamentos.

Em termos políticos, Sôtchi-2014 vem sendo considerada nos últimos dois anos como um “ponto de virada”, depois da qual acontecerão mudanças radicais nas estruturas do poder. Espera-se não só substituições na liderança de empresas estatais, mas também demissões e redistribuições de poder no próprio governo.

Os principais alvos serão os diretores de empresas estatais ligadas à construção das instalações para as Olimpíadas. O movimento já foi iniciado com o congelamento de tarifas e corte de gastos em larga escala nos grandes monopólios de infraestrutura.

De acordo com especialistas, o desenvolvimento de uma política econômica e social que permita ao atual sistema manter a estabilidade exige a consolidação da elite do país – e, por enquanto, ela ainda não existe.

Ano de eleições

Neste ano, a liderança do país terá de pensar em como tornar os conflitos menos destrutivos para todo o sistema. Outro fator que influenciará as decisões políticas tomadas em 2014 serão as próximas eleições para a Duma (câmara dos deputados na Rússia), em 2016. A partir do ano que vem, as reformas deverão ficar congeladas sob o lema de “manter-se calmo até as eleições”.

Paralelamente, o povo irá às urnas para eleger os governadores de 14 regiões do país, embora, na maioria delas haja promessa de reeleição dos atuais líderes. A cidade de São Petersburgo, contudo, deve também ser palco de eleições antecipadas para prefeito, e os habitantes de Moscou terão que escolher os deputados para a Duma municipal.

Processos judiciais

Um dos fatos mais esperados do ano na Rússia será a libertação, em maio, de Platon Lêbedev, o sócio de Khodorkóvski  que se recusou a escrever o pedido de indulto. O Supremo Tribunal Federal já anunciou a revisão do primeiro caso Yukos e, dependendo da decisão, Lêbedev poderá ser libertado ainda antes do previsto.

O líder da oposição Aleksêi Naválni também irá comparecer novamente perante o tribunal. Ele e seu irmão, Oleg, são acusados de desvio de fundos da Yves Rocher Vostok e de uma empresa de processamento de cartões bancários.

Respeito às diferenças

Acredita-se ainda que a questão dos imigrantes continuará sendo um dos temas centrais, ainda que o país acompanhe uma desaceleração do chamado “conservadorismo progressista”.

O reforço dos valores tradicionais vai se manter, mas os projetos de lei contra homossexuais e ofensa aos sentimentos religiosos devem perder força. Pelo discurso de Pútin na Assembleia Federal, a prioridade do governo neste ano que se inicia não é ideológica, mas econômica. “A ideologia ficou em 2013”, declarou.

Publicado originalmente pelo Kommersant

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