Coletiva de imprensa com Khodorkóvski aconteceu em Berlim neste domingo Foto: Reuters
Na véspera do encontro de Khodorkóvski com os jornalistas, o assessor de imprensa de Vladímir Pútin, Dmítri Peskov, disse que, apesar da partida do empresário para a Alemanha, “ele é um homem para voltar à Rússia quando quiser”. No entanto, na coletiva de imprensa deste domingo (22), o próprio Khodorkóvski garantiu que, apesar do decreto, ele ainda tem uma ação judicial de caráter financeiro ainda em curso.
“No momento, não tenho nenhuma garantia”, disse o empresário recém-libertado. “Do ponto de vista formal, o Supremo Tribunal da Rússia tem que confirmar a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que anulou a ação judicial iniciada relativamente ao primeiro processo da Yukos contra mim e meu parceiro Platon Lebedev. Por enquanto isso não aconteceu e, por isso, ainda não posso voltar.”
O empresário pretende permanecer em Berlim, onde sua mãe está passando por um tratamento, mas admitiu que gostaria de defender os direitos de presos e que não pretende se envolver em política.
“Se o empresário vai defender os direitos daqueles que estão atrás das grades, ele não terá como evitar a política”, disse o comentarista político Aleksandr Nekrásov ao canal Russia Today.
Bem-bolado do Kremlin
Alguns especialistas sugeriram que a libertação de Khodorkóvski pressupõe certas condições. “As relações entre Pútin e Khodorkóvski são plenamente guiadas pelo presidente”, afirma o professor da Escola Superior de Economia e analista político Nikolai Petrov. “Obviamente foram postas condições ao ex-dono da Yukos, e se ele violar o combinado as autoridades têm como agir.”
A libertação do empresário também traz uma série de benefícios para o Kremlin. “Por um lado, o perdão a Khodorkóvski serve para desviar as atenções dos problemas do governo, da desaceleração da economia e da generosa assistência de US$ 15 bilhões proposta à Ucrânia. Por outro, com isso a Rússia melhora a sua imagem no exterior frente aos Jogos Olímpicos”, diz Kirill Petrov, da consultoria Minchenko.
Mandela de araque
O analista político Dmítri Babitch refuta todas as opiniões que comparam Khodorkóvski a Nelson Mandela. “Na década de 90, ele nem sequer estava envolvido na luta política. Ele chegou ao governo como vice-ministro da economia e depois disso a sua empresa começou a crescer rapidamente”, diz. “Ele é um típico produto dos anos 90, que aumentou a sua fortuna usando todos os meios. A sua única atividade política foi apoiar o Partido Liberal Democrático Iábloko e o Partido Comunista nas eleições.”
Segundo Babitch, antes da briga de Khodorkóvski com Pútin, a sua imagem no Ocidente era ruim. “Mas, por alguma razão, hoje ninguém se lembra disso”, aponta. “Por volta de 2000-2001, a Yukos quis privatizar várias empresas na Alemanha, mas os acordos não foram concluídos porque o proprietário russo não estava dispostos a pagar salários decentes aos trabalhadores. Ele era visto como um oligarca.”
Foi somente nos últimos 10 anos que os jornalistas estrangeiros se esforçaram para melhorar a imagem de Khodorkóvski, garante o cientista político.
Com materiais da Russia Today, Neft Rossii e Gazeta.ru
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