Tropas russas voltam ao Ártico

Presidente agradeceu aos que participaram neste ano da recuperação das bases militares nas Ilhas da Nova Sibéria, localizadas entre o Mar de Laptev e o Mar Siberiano Oriental  Foto: PhotoXPress

Presidente agradeceu aos que participaram neste ano da recuperação das bases militares nas Ilhas da Nova Sibéria, localizadas entre o Mar de Laptev e o Mar Siberiano Oriental Foto: PhotoXPress

Em busca do controle de possíveis campos de petróleo e gás no Oceano Ártico, Rússia enviará grupo militar a seu litoral na região.

O presidente russo Vladímir Pútin ordenou a criação de um grupo de tropas no Ártico, para 2014.

"A Rússia está explorando essa promissora região cada vez mais ativamente, e deve ter ali todas as ferramentas necessárias para prover sua segurança e dos interesses nacionais", declarou Pútin na terça-feira (10), em encontro com o alto comando das forças armadas.

Pútin acrescentou que iniciou-se que neste ano a recuperação de sete aeródromos no Ártico abandonados após a queda da URSS. Até o final do ano serão formalizados contratos para reconstrução de outros dois aeródromos.

Além disso, o presidente agradeceu aos que participaram neste ano da recuperação das bases militares nas Ilhas da Nova Sibéria, localizadas entre o Mar de Laptev e o Mar Siberiano Oriental. O arquipélago, segundo ele, "é a chave para o controle do Ártico".

As declarações foram dadas uma semana após a notícia de que o Canadá incluirá o Polo Norte na petição de expansão do território marítimo que Ottawa apresentará à Comissão de Direito Marítimo da ONU.

Além disso, de acordo com a imprensa canadense, Ottawa quer realizar pesquisas científicas de grandes proporções no fundo do mar Ártico, na região de Lomonossov – dorsal submarina que se estende do Canadá e da Groelândia através do Pólo Norte até às Ilhas da Nova Sibéria.

Limites marítimos

As disputas territoriais acerca da dorsal de Lomonossov, que envolvem, além de Rússia e Canadá, também a Dinamarca, são de fundamental importância para uma possível expansão da zona comercial exclusiva desses países.

De acordo com a Convenção de Direito Marítimo da ONU de 1982, o limite de tal zona (200 milhas náuticas a partir da costa) pode ser estendido até 350 milhas, caso o Estado correspondente apresente provas suficientes a área além da zona de 200 milhas é extensão natural de sua plataforma continental.

A disputa no caso, porém, não é tanto pelo território, mas pelas reservas de petróleo e gás do Ártico, apesar de a rentabilidade da exploração desses campos, em condições climáticas polares complexas, levantarem uma série de questões.

Mas estimativas do Serviço Geológico dos EUA indicam que os territórios localizados no Círculo Polar Ártico podem conter cerca de 30% das reservas mundiais de gás natural e 13% das reservas mundiais de petróleo.

Esses recursos são vitais para a continuidade do desenvolvimento econômico da Rússia a longo prazo.

A defesa de interesses econômicos no Ártico e a necessidade de garantir segurança às empresas que planejam operar ali, explica o desejo das autoridades russas de aumentar a presença militar na região.

Segundo o analista militar Dmítri Litóvkin, no Ártico inexistem hoje ameaças de caráter militar. A decisão pelo envio de tropas visa à eliminação de ameaças futuras ligadas a conflitos territoriais.

"Só o Estado pode assegurar à Gazprom, por exemplo, segurança na extração do gás e do petróleo nesse território", diz Litóvkin.

Encontram-se no Ártico campos de petróleo como, por exemplo, o de Shtokman, reivindicados por Rússia e Noruega. Além disso, a estratégica rota marítima do norte da Europa à Ásia cruza o Ártico, e por ela se transporta níquel.

Litóvkin explica que o governo russo organizou uma série de expedições para coleta de provas geológicas da ligação da plataforma continental russa com a dorsal de Lomonossov em 2012.

"Essas expedições comprovaram que a dorsal de Lomonossov é uma extensão da plataforma continental da Rússia, e portanto, as fronteiras russas no oceano estão significativamente mais adiante do que se pensava até então", diz.

" EUA, Canadá, Groelândia discordam disso porque têm interesse no fundo desse oceano, que está cheio de minerais que serão extraídos no futuro".

Em geral, os especialistas não acreditam que as disputas atuais resultarão em confronto armado.

"Porém, o governo russo parte da premissa de que quanto mais poderoso for o potencial militar da Rússia no Ártico, menos serão os pretextos para um conflito militar", disse ao portal Gazeta.Ru o vice-diretor do Instituto de Análise Política e Militar, Aleksandr Khramtchíkhin.

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