Líder russo reiterou a proibição de disseminar “valores não tradicionais” na Rússia Foto: Reuters
Em reunião com representantes das siglas sem representação parlamentar na semana passada, Pútin disse que “não devemos alimentar sentimentos xenófobos, inclusive contra pessoas de orientação sexual diferente”.
Apesar da declaração positiva, o líder russo reiterou a proibição de disseminar “valores não tradicionais” na Rússia. “Os senhores sabem que fui muito criticado, mas tudo o que foi feito em nível governamental e legislativo foi para impedir que a ‘propaganda’ chegasse aos menores de idade”, continuou o presidente, citado pela agência Interfax.
O presidente garantiu que a Rússia não vai interferir em questões relacionadas com a propaganda de tais práticas em outros países e, em contrapartida, não admite pressões exteriores nessa área.
Os observadores entrevistados pela Gazeta Russa acreditam que, ao fazer tais declarações, Pútin procura não tanto resolver os problemas causados pela homofobia, mas sobretudo diminuir a tensão social existente no país.
“As palavras de Pútin podem também ter como pano de fundo os próximos Jogos Olímpicos, embora neste momento seja difícil entender qual o objetivo que pretende alcançar”, diz a socióloga Olga Kristanovskaia.
Segundo ela, o fato do presidente intervir agora contra a xenofobia de um modo geral decorre dos acontecimentos registados no bairro Biriuliovo, cujos moradores saíram às ruas gritando palavras de ordem nacionalista.
“A intolerância transborda em diversos domínios: social, político, étnico. Na nossa sociedade, urge uma vacina contra a intolerância. Temos de evitar que os russos se odeiem uns aos outros”, frisou a socióloga.
A coordenadora científica do Instituto de Estudos dos Processos Sociais, Irina Kózina, acredita que as autoridades buscam uma ideia nacional que una os russos, e acabam assumindo conceitos negativos.
“Verifica-se que os dirigentes estão ensaiando várias ideias que possam ser nacionais e unificadoras. Há tensão na sociedade russa, sendo por isso mais fácil unir as pessoas não em volta de uma ideia, mas contra uma ideia”, diz ela.
“Atiram ao ar uma ideia e, se a comunidade mundial reage mal a ela, a ideia começa a ser abafada. A luta contra os homossexuais e os imigrantes são exemplo disso”, acrescenta Kózina. “O radicalismo é rejeitado por pressão da política económica, já que a referida intolerância social se reflete nos investimentos estrangeiros.”
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