Aleksêi Naválni (dir.) publicou uma série de materiais revelando irregularidades cometidas por seu principal concorrente, Serguêi Sobianin (esq.) Foto: Reuters / Colagem da Gazeta Russa
Os primeiros escândalos marcaram a campanha eleitoral para prefeito de Moscou. A Procuradoria Geral acusou o oposicionista Aleksêi Naválni de violar a legislação russa ao receber doações de organizações estrangeiras para sua campanha eleitoral.
Em conformidade com as leis federal e municipal, os fundos de campanha não podem receber doações de governos e organizações ou de particulares e anônimos estrangeiros.
A investigação foi iniciada pela Procuradoria Geral a pedido do líder de tendência nacionalista Vladímir Jirinóvski, cujo partido, o Partido Liberal Democrático (LDPR, na sigla em russo), tem um candidato na disputa pelo cargo de prefeito. A iniciativa de Jirinóvski teve o apoio da sigla governista Rússia Unida.
Como resultado, a investigação descobriu que mais de 300 pessoas jurídicas e físicas e doadores anônimos de 46 países enviaram, a partir de 347 endereços eletrônicos, doações em dinheiro a Naválni e a seu comitê de candidatura. Segundo a agência Interfax, as provas recolhidas pela investigação foram enviadas ao Comitê de Investigação da Rússia para processar criminalmente Naválni.
No entanto, não obstante as provas recolhidas pela Procuradoria Geral, a Comissão Eleitoral de Moscou afirmou que um candidato só pode ser retirado da disputa eleitoral por decisão judicial. O representante do comitê de campanha eleitoral de Naválni, Vladímir Achurkov, disse que seus colegas estão monitorando de perto todas as doações recebidas para evitar violações da lei. Ele acrescentou que todas as doações duvidosas feitas de fontes anônimas são logo redirecionadas ao orçamento federal, conforme previsto pela lei.
Em resposta, Naválni também publicou uma série de materiais revelando irregularidades cometidas por seu principal concorrente, Serguêi Sobianin, prefeito em exercício. No entanto, especialistas duvidam que a “guerra de materiais comprometedores” iniciada pelos candidatos ao cargo de perfeito venha a modificar substancialmente as intenções de voto dos eleitores.
Impacto negativo
O vice-diretor do Centro de Tecnologias Políticas, Aleksêi Makarin, acredita que a história terá impacto negativo sobre a situação de Naválni.
“As ilegalidades reveladas pela Procuradoria Geral podem ter como consequência sua retirada da corrida eleitoral, mas acho que as coisas não chegarão a esse ponto. Seus apoiadores tomarão essas acusações como forjadas e não as levarão a sério. No entanto, os demais eleitores que ainda não escolheram seu candidato podem recusar apoio a Naválni”, disse Makarkin.
O especialista acredita que Naválni não passará para o segundo turno se não ganhar novos apoiadores.
“Existe um número suficiente de pessoas que reagem muito negativamente às notícias sobre o eventual envolvimento de estrangeiros na política interna russa”, completou Makarkin.
Já o presidente da Fundação Política Peterburguense, Mikhail Vinogradov, acredita que Naválni só pode ser retirado da disputa eleitoral se houver a respectiva ordem de cima. Caso contrário, o escândalo de doações estrangeiras não prejudicará o candidato.
“Os apoiadores de Naválni irão encarar todas e quaisquer declarações negativas a seu respeito como propaganda inimiga. Portanto, para a liderança do país, seria melhor se ele continuasse disputando o cargo de prefeito”, afirma o diretor do Instituto de Globalização e Movimentos Sociais, Boris Kagarlítski.
Enquanto isso, Naválni postou em seu site que a filha de Sobianin possui um apartamento de mais de 300 metros quadrados no centro da capital russa, cujo valor de mercado chega a US$ 5 milhões e supera a renda conjunta de Sobianin e de sua esposa nos últimos dez anos. Logo, é difícil supor que esse imóvel tenha sido comprado por seu valor real.
Por meio se sua assessoria de imprensa, Sobianin afirmou que o imóvel em causa teria sido comprado em estrita conformidade com a lei. O porta-voz do Departamento de Patrimônio da Presidência da República, Víktor Khrekov, confirmou que o referido apartamento havia sido entregue a Sobianin quando este ocupava o cargo de chefe de Gabinete de Presidência, antes de assumir a cadeira de prefeito de Moscou.
Para Kagarlístki, o post de Naválni favorece Sobianin, pois ele merece críticas mais duras como prefeito do que como pessoa que privatizou um apartamento oficial.
Makarkin também não vê problemas para Sobianin e acredita que os eleitores pouco se interessam pelas propriedades dos candidatos.
"A história do apartamento de Sobianin só é relevante para aqueles que não vão votar nele em nenhuma circunstância. Para os outros, tais revelações não têm nenhuma relevância”, disse Makarkin.
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