Protesto da semana passada reuniu 10 mil no centro da capital Foto: Ruslan Sukhushin
No sábado passado (20), o oposicionista Aleksêi Naválni, liberado da prisão de Kirov, foi recebido como um herói na estação ferroviária de Moscou. Diante de mais de mil seguidores, o blogueiro confirmou que vai participar das eleições para prefeito de Moscou.
Os observadores destacam que a medida preventiva para libertação sob fiança foi solicitada pelo mesmo promotor Sergei Bogdanov, que anteriormente havia pedido levá-lo sob custódia no tribunal. “Um veredito louco e uma libertação não menos louca”, afirma o advogado Vladímir Jerebenkov, para quem o poder judiciário foi guiado pela política. Mas a história demonstrou que não existe uma unidade no governo sobre como proceder com Naválni.
A partir de relatos de várias pessoas próximas ao comitê eleitoral do prefeito interino Serguêi Sobiânin, o jornal “Vedomosti” descobriu que as divergências entre a liderança do país em relação à tática eleitoral em Moscou surgiram antes do início da campanha e continuam até os dias de hoje.
Algumas pessoas do círculo próximo ao presidente Vladímir Pútin teriam se oposto ao anúncio antecipado da candidadtura de Sobiânin, porque um prefeito de Moscou eleito, e não nomeado, pode ser um sério pretendente ao cargo de primeiro-ministro. Mas Sobiânin insistiu.
Em seguida, Viatcheslav Volodin, vice-chefe da administração, também insistiu para que fosse permitido o acesso de Naválni às eleições municipais. Segundo as fontes, a ideia não foi inicialmente aceita por Sobiânin, já que tornava as eleições menos previsíveis. Mas, pouco tempo depois, ele mesmo exortou publicamente o partido governista Rússia Unida a coletar as assinaturas a favor de Naválni, e pediu para que o oposicionista não recusasse a ajuda.
Na última quinta-feira (18), a pena de cinco anos para Naválni era considerado bastante viável no comitê eleitoral de Sobiânin. Mesmo assim encontrou resistência ao minar as táticas anteriores dos gestores da política do Kremlin.
De acordo com algumas fontes, os simpatizantes das eleições com a participação de Naválni foram capazes de convencer Pútin a liberar o oposicionista, mas, segundo outras versões, os responsáveis pela libertação poderiam ser Sobiânin ou Volodin. A chefe da assessoria de imprensa de Sobiânin, Gulnara Penkova, negou os comentários de que o prefeito interino tenha pedido para a liderança do país colaborar com o caso de Naválni.
Oposição unida
“A decisão de liberar Naválni, logo após ele ser detido e depois de uma manifestação não autorizada, como se fosse uma resposta à pressão das massas, foi um grande erro”, afirma uma pessoa próxima ao comitê eleitoral de Sobiânin. O protesto aquecido e consolidou a oposição; agora muitos irão para as seções eleitorais não para escolher o prefeito, mas para votar pela democracia”, justifica o entrevistado, segundo o qual Naválni pode atrapalhar os planos de Sobiânin no primeiro turno.
No dia do pronunciamento da sentença, o instituto Synovate Comcon divulgou os dados de uma pesquisa que confere 14,4% dos votos a Naválni. A diretora executiva da empresa, Elena Koneva, afirma que Naválni é potencialmente o candidato mais dinâmico e sua posição no ranking pode crescer por causa do julgamento e dos protestos.
“Os motivos para votar a favor de Naválni por compaixão ou contra o poder não são comuns na sociedade. Os moscovitas entendem que Naválni não serve para ser prefeito e é exatamente por isso que ele não poderá contar com o eleitorado do [magnata e ex-candidato liberal à presidência] Prôkhorov”, rebate o vice-diretor do Centro Levada, Aleksêi Grajdankin.
Publicado originalmente pela
Vedomosti
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