Presidente russo Vladímir Pútin (esq. à frente) e o prefeito de Moscou, Serguêi Sobiânin (centro), examinam aérea de nova estação de metrô na capital Foto: Aleksêi Drujinin AP/RIA Nóvosti
No ano passado, as eleições para prefeito da cidade de Khímki, no arredores da capital russa, foram acompanhada com grande atenção por diversos cientistas políticos, que acreditavam se tratar de um ensaio para a futura batalha eleitoral em Moscou.
Apesar da derrota da oposição no ano passado, as eleições de setembro parecem conferir aos opositores a possibilidade de revanche muito antes do que esperava. Paralelamente, a renúncia antecipada do atual prefeito Serguêi Sobiânin, que adiantou as eleições previstas inicialmente para 2015, pode também fazer com que a oposição fique despreparada para a disputa.
Serguêi Sobiânin, o candidato governista
O atual prefeito de Moscou não é apenas a figura favorita, como também o impulsionador da corrida eleitoral na capital russa. Segundo o cientista político Mikhail Rêmizov, Sobiânin escolheu o momento certo para renunciar. “Seus opositores ainda não amadureceram”, diz Rêmizov.
Moscou tem um significado simbólico para o país e a vitória na capital é uma garantia do sucesso no futuro. Mesmo ignorando os significados simbólicos, fato é que a figura de prefeito de Moscou é equivalente, em importância, ao cargo de governador regional. No dia 8 de setembro, os moscovitas irão eleger não só o prefeito de Moscou, mas um dos altos funcionários da administração Pútin. A capital é o maior centro financeiro, econômico, comercial e administrativo da Rússia, e lá estão concentrados 50% dos bancos e as sedes das maiores corporações. O PIB de Moscou ultrapassa US$ 300 bilhões, constituindo um sexto do montante nacional.
Seu colega Aleksêi Makárkin acredita que Sobiânin pode ter outros interesses, já que a vitória nas eleições livres lhe dará a possibilidade de confirmar sua legitimidade. “Sobiânin já anunciou seus planos, mas será julgado pelos atos e não pelas palavras”, argumenta Makárkin. Algumas de suas iniciativas, como a de arrumar espaços verdes ou de organizar ciclovias na cidade, foram recebidas favoravelmente pelos moradores; outras, como a de colocar lajotas no centro da cidade em vez de asfalto, foram massacradas pela população.
Mikhail Prôkhorov, o principal concorrente
Embora a imprensa ocidental esteja de olho em Aleksêi Naválni, visto como a principal descoberta da temporada política passada, os observadores locais apostavam suas fichas no bilionário Mikhail Prôkhorov. Com uma equipe forte de seguidores ativos, independentes e não comprometidos com maquinações políticas, ele deveria fazer concorrência a Serguêi Sobiânin.
No entanto, em 16 de junho, o empresário disse que não iria concorrer às eleições em Moscou por estar se preparando para as eleições legislativas de 2014. Nas palavras do magnata, “um assento no Legislativo é mais importante para ele do que a cadeira de prefeito de Moscou”.
O motivo oficial da distância é que Prôkhorov não teve tempo para repatriar seus ativos do exterior, como manda o regulamento eleitoral para a eleição de prefeitos.
A sigla governista aproveitou para criticar o empresário, que estaria mais preocupado com seus bens no exterior do que com os interesses dos eleitores.
Aleksêi Naválni, a promessa da oposição
Após a desistência de Prôkhorov, a corrida eleitoral ficou entre dois protagonistas. De um lado está o governo Serguêi Sobiânin, e do outro, a oposição representada por Aleksêi Naválni.
O programa eleitoral de Naválni ainda não foi publicado, mas, de acordo com informações extraoficiais, a oposição planeja enfatizar o estado em que se encontra a infraestrutura urbana e usar como argumento os problemas do trânsito na cidade não resolvidos por Sobiânin. Além disso, a capital russa concentra o principal eleitorado que foi às ruas protestar.
A verdade, porém, é que nenhuma de suas campanhas anteriores trouxe resultados impressionantes a Naválni. Portanto, a oposição terá de mobilizar todos os recursos a seu alcance para inverter a tendência existente.
“Aranha” e outros candidatos
As cédulas eleitorais terão vários nomes e os líderes da corrida serão seguidos por um monte de candidatos do “segundo escalão”. Assim que o processo de registro de candidatos começou, os pedidos foram apresentados por três moscovitas autoindicados e pelo extravagante músico Serguêi Tróitski, mais conhecido pelo apelido “Aranha”, que já havia disputado as eleições para prefeito das cidades de Jukóvski e Khímki.
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