Khodorkóvski comemora 50 anos sob novas acusações criminais

Público na exibição para imprensa do documentário Khodorkóvski, de Cyril Tuschi Foto: RIA Nóvosti/Vitáli Beloussov

Público na exibição para imprensa do documentário Khodorkóvski, de Cyril Tuschi Foto: RIA Nóvosti/Vitáli Beloussov

No dia do seu aniversário, canal de TV estatal NTV acusou o magnata preso de envolvimento em outro crime.

Enquanto o magnata russo e ex-chefe da Yukos, Mikhail Khodorkóvski comemorava o seu 50º aniversário na prisão nesta quarta-feira (26), o canal de televisão estatal NTV transmitiu um documentário chamado “Assassinato do presente”, acusando os fundadores da Yukos de estarem envolvido em um crime. Paralelamente, a polícia de Moscou deteve mais de 40 ativistas que tentavam organizar um protesto autorizado em apoio a Khodorkóvski no centro de Moscou.

De acordo com o jornal “Novaia Gazeta”, cerca de 200 pessoas tentaram organizar um protesto não autorizado em apoio a Khodorkóvski no centro de Moscou. Várias pequenas manifestações foram realizadas em toda a Rússia como demonstração de apoio ao magnata preso.

O documentário “Assassinato do presente” acusa os fundadores da Yukos, incluindo Mikhail Khodorkóvski, de estarem envolvidos no assassinato do prefeito de Nefteiugansk, Vladímir Petukhov, na Sibéria ocidental, em 1998.

As acusações dos investigadores foram publicadas no mesmo dia do aniversário de Khodorkóvski. Enquanto o magnata preso nega seu envolvimento no assassinato, especialistas veem o filme como uma tentativa de lançar uma campanha para definir o cenário de um terceiro caso criminal contra Khodorkóvski e seu sócio Platon Lebedev.

Tanto Khodorkóvski como Lebedev devem ser libertados pelo tribunal em 2014, mas o Comitê Investigativo está agora revendo um relatório de peritos que analisaram o segundo caso Yukos. Os investigadores disseram que os especialistas foram pagos para conduzir a sua investigação pela própria Yukos.

O economista Serguêi Guriev deixou a Rússia para a França depois de ser interrogado pelos investigadores sobre suas afirmações em torno do caso. Já a ex-juiza do Tribunal Constitucional, Tamara Morchakova, deve ser interrogada em breve.

Enquanto isso, vários políticos e figuras culturais de destaque, bem como três legisladores europeus, deram parabéns a Khodorkóvski em declarações públicas.

Entre os simpatizantes russos, o empresário recebeu parabéns do ativista anticorrupção e líder oposicionista Aleksêi Naválni, do magnata russo e ex-candidato à presidência Mikhail Prôkhorov e do proeminente escritor da oposição Boris Akunin, entre outros.

Do petróleo à prisão

O magnata e ex-proprietário da extinta gigante do petróleo Yukos, Mikhail Khodorkóvski comemorou seu aniversário de 50 anos nesta quarta-feira (26) atrás das grades, depois de passar cerca de 10 anos na prisão por acusações de fraude, apropriação indébita e sonegação de impostos. Muitos observadores veem a condenação como uma vingança do presidente Vladímir Pútin pelo profundo envolvimento do empresário em assuntos políticos.

Depois de 10 anos na prisão, Khodorkóvski tornou-se uma espécie de ícone para os políticos liberais e ativistas da oposição. A previsão é de que será solto em outubro próximo se não enfrentar novas acusações criminais.

Quando foi preso, Khodorkóvski era considerado como o homem mais rico da Rússia e um dos sete homens de negócios mais influentes do país. Além disso, apoiou financeiramente a oposição liberal e comunistas, segundo alguns meios de comunicação nacionais.

De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Centro Levada na terça-feira (25), um terço dos russos apoiam Khodorkóvski, duas vezes mais do que aqueles desejam sua permanência na prisão. A pesquisa foi realizada com 1.600 pessoas de 45 regiões russas, e a margem de erro é de 3,4%.

O líder do Movimento pelos Direitos Humanos, Lev Ponomariov descreve Khodorkóvski como “uma pessoa no centro das atenções sociais e políticas da Rússia”, acrescentando que trata-se de um “líder nato”.

“Esse é o exemplo único de uma pessoa atrás das grades que continua a ter impacto sobre o ambiente político do país”, completa.

Enquanto isso, Serguêi Mitrokhin, líder da oposição pelo partido liberal Iábloko, que patrocinou Khodorkóvski em 2003, afirmou que o magnata tinha sido preso porque “ousou desafiar Pútin”.

Antes de seu aniversário, a revista “New Times” entrevistou Khodorkóvski. Na reportagem, ele revelou segredos de sua vida na prisão, sobre política e sua família.

“Mal podia imaginar a possibilidade de ser libertado, porque me acostumei à prisão”, disse ele.

Ao falar sobre política, Khodorkóvski criticou tanto o Kremlin como o movimento da oposição. Ele acusou o governo de corrupção, o que limita a liberdade de expressão e econômica, e os opositores de “substituir ações com palavras”, além da falta de “sinceridade e honestidade”.

Antes de ser detido em outubro de 2003, Khodorkóvski não fazia rodeios para falar sobre a suposta corrupção na gigante estatal Rosneft. Em abril, o magnata revelou os planos antigos de financiar partidos liberais da oposição nas eleições parlamentares de dezembro de 2003. Algum tempo depois, um respeitado grupo de pesquisa, o Conselho de Estratégia Nacional, liderado pelo ex-funcionário do Kremlin, Stanislav Belkovski, publicou um relatório acusando a liderança da Yukos de armar uma conspiração para derrubar Pútin, financiando a oposição liberal e os comunistas.

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