Pútin altera o gabinete do Kremlin

Nabiullina é a primeira mulher a assumir presidência do Banco Central Foto: ITAR-TASS

Nabiullina é a primeira mulher a assumir presidência do Banco Central Foto: ITAR-TASS

Mudança da presidência do Banco Central acarretou alterações não apenas nas equipes do banco, mas também em outras pastas do governo russo.

No início da semana, o ex-presidente do Banco Central Serguêi Ignatiev repassou seu cargo para Elvira Nabiullina. A mudança foi o motivo de várias alterações não apenas nas equipes do Banco Central, mas também no gabinete do governo russo: Aleksêi Uliukaev foi designado ao cargo de chefe do Ministério do Desenvolvimento Econômico.

Nabiullina é a primeira mulher a assumir a presidência do Banco Central e será assessorada por Ignatiev, que antes ocupava a liderança do banco havia três anos.

Na sequência o governo russo anunciou a designação do primeiro vice-presidente do Banco Central, Aleksêi Uliukaev para o cargo do ministro do Desenvolvimento Econômico, assim como a nomeação de Andrei Belousov, o chefe anterior da pasta, para o antigo cargo de Nabiullina como conselheiro de Pútin para assuntos econômicos.

“Espero que o novo conselheiro para assuntos econômicos dê continuidade aos principais projetos já iniciados, pois isso é muito importante para qualquer servidor que deixa o seu cargo”, comentou Nabiullina em entrevista ao jornal “Kommersant”.

A indicação da ex-conselheira do Kremlin para o cargo de chefe do Banco Central da Rússia provocou polêmica na sociedade, pois ela é considerada uma das aliadas de Pútin. As comunidades empresariais russas e internacionais expressam receio de que, ao contrário do Ignatiev, a nova chefe respeitará mais as opiniões do presidente russo. Mas há também empresários que enxergam a a experiência anterior da Elvira como um benefício para a instituição.

A candidatura de Elvira Nabiullina à Duma Federal aconteceu no início do ano. Enquanto uma parte dos economistas acreditava na continuação da atual política monetária do Banco Central, os empresários russos esperavam um afrouxamento a longo prazo. O próprio Putin apoia os empresários, portanto, também pode se esperar que Elvira esteja disposta a tomar providências nesse sentido.

Foi exatamente essa notícia que gerou uma série de boatos sobre as possíveis mudanças nos gabinetes do Banco Central da Rússia ligadas à entrada de Elvira Nabiullina à sua equipe. Aleksêi Uliukaev, que recentemente assumiu o cargo de ministro, era um fiel adepto à politica monetária rígida.

Desde 2004, o Uliukaev ocupava o cargo do primeiro vice-presidente do Banco Central, exercia a função do seu principal porta-voz e era considerado um dos favoritos para a cadeira do presidente da organização. Antes de entrar na equipe de administradores do Banco Central, ele já tinha experiência de trabalho em órgão público, pois havia ocupado o cargo de vice-ministro de finanças por 4 anos consecutivos.

O embaixador dos EUA na Rússia, Michael McFaul, parabenizou o Uliukaev por seu novo papel no governo. “Gostaria de dar os meus parabéns ao meu velho amigo Aleksêi Uliukaev, pois ele foi indicado ao cargo de ministro da Economia”, escreveu McFaul em seu Twitter.

Nos últimos anos, o ponto de vista do governo em relação às políticas monetárias do país tem sido totalmente oposto ao dos empresários. Os adeptos de política rígida, incluindo Uliukaev, acreditam que a manutenção dos altos níveis das taxas de refinanciamento contém a oferta monetária e, portanto, ela pode ser considerada uma ferramenta eficaz de combate à inflação. Os opositores, cujo representante mais conhecido é Guêrman Gref , atual presidente do Sberbank, ressaltam que as altas taxas limitam a concessão de crédito e, consequentemente, o crescimento econômico.

A edição russa da revista “Forbes” sugere que em breve o cargo do Uliukaev poderá ser ocupado pela Ksênia Iudaeva, que está no comando da Diretoria Presidencial de Peritos há um ano e possui experiência de 5 anos como economista-chefe do. Em entrevista à “Forbes” durante o Fórum Econômico de São Petersburgo, Iudaeva se recusou a comentar os boatos sobre a sua possível transferência para o Banco Central.

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