Ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchov Foto: AP
Em uma palestra pública em Moscou, o ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchov declarou que o país “nunca mais poderá ser governada pelo medo” e pediu para as autoridades abandonarem qualquer iniciativa do gênero. Segundo ele, é preciso iniciar uma “nova reestruturação”.
“A história não é fatal”, disse Gorbatchov diante da audiência formada principalmente por estudantes universitários. “Se acreditarmos que o homem não pode influenciar o curso dos acontecimentos históricos, então não há nenhuma razão para se engajar em atividades políticas”, continuou o ex-líder soviético.
Gorbatchov afirmou que as autoridades conseguiram derrubar temporariamente a onda de protestos, mas os problemas permanecem. Se nada mudar, a sociedade russa vai mais uma vez se organizar para implementar uma “democracia real”.
“O segundo mandato presidencial de Vladimir Pútin dava possibilidades para a realização de uma nova estratégia, mas as autoridades tomaram um caminho diferente. Tudo permaneceu como antes também durante a presidência de Medvedev”, acrescentou o ex-presidente.
A política de hoje, segundo Gorbatchov, não passa de uma imitação. A economia permanece erroneamente baseada em petróleo e gás e os pequenos empresários enfrentam obstáculos enormes. “Além disso, o estado em que se encontram a educação, a saúde e a ciência é motivo de grande preocupação”, disse o político.
“Não haverá um retorno para o passado”, completou Gorbatchov, ao afirmar que “[o presidente russo] Vladímir Pútin e outros acreditam ser possível retornar aos velhos métodos de coerção e medo”.
Ao sugerir uma nova perestroika às autoridades, o ex-líder ressaltou que os atuais governantes querem apenas manter o poder para si. Para ele, somente a união de esforços da sociedade, cuja tarefa é “descartar a divisão entre esquerdistas e direitistas, evitando uma luta entre eles”, poderá reverter a situação presente.
Representantes da elite governante ficaram céticos em relação às sugestões do ex-presidente da União Soviética. “Gostaria de acreditar que não teremos outra perestroika, afinal, já tivemos um número suficiente delas”, declarou o assessor de imprensa da presidência, Dmítri Peskov.
O secretário do Conselho Geral do partido Rússia Unida, Serguêi Neverov, acredita que Gorbatchov já havia iniciado uma reestruturação. “Como resultado, perdemos o nosso país”, rebateu o político.
Com material da agência RIA Nóvosti e do jornal Kommersant
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