Kremlin quer proibir gays de adotar crianças russas

Foto: RIA Nóvosti / Konstantin Chalabov

Foto: RIA Nóvosti / Konstantin Chalabov

Presidente russo Vladímir Pútin encarrega seu governo de criar mais restrições para estrangeiros. Ativistas LGBT garantem que medida será novo alvo de críticas da comunidade internacional.

Na semana passada, o presidente russo Vladímir Pútin pediu ao governo e à Suprema Corte para preparar, antes de 1° de julho, emendas à lei que proíbam a adoção por casais do mesmo sexo.  Caberá ao Ministério da Educação e Ciência preparar os documentos sobre as novas restrições.

“Os mecanismos serão estudados assim estivermos familiarizados com o texto do documento”, afirmou o vice-ministro da Educação, Ígor Remorenko.

O enviado para os Direitos das Crianças da Rússia, Pável Astakhov, já havia demonstrado preocupação com o destino de crianças russas adotadas por casais de gays e lésbicas e prometeu fazer o possível para que os órfãos sejam levados somente por famílias tradicionais.

Essa questão também já tinha sido levantada pela deputada Ekaterina Lakhova, que propôs a Lei Dima Iakovlev para impedir que família norte-americanas adotem crianças russas. Lakhova chegou a sugerir, inclusive, a revisão do acordo de adoção entre a Rússia e a França, onde no momento a legalização de casamento entre homossexuais está em andamento.

“O presidente tem razão quando chama a atenção para esse aspecto. A criança deve ter mãe e pai, não duas mães ou dois pais. Mas não se pode esperar que a proibição para a adoção de crianças por famílias com pessoas do mesmo sexo entre em vigor imediatamente, trata-se de um processo longo”, salientou Lakhova.

Apesar dos esforços, a presidente do movimento “Associação de pais e professores”,  Nadejda Khramova, não acredita que seja possível fazer uma verificação real sobre a orientação sexual dos indivíduos que adotam.

“Tecnicamente, é complicado descobrir a orientação sexual dos pais adotivos, porque a família que viria para a Rússia, poderia afinal ter realizado um casamento fictício”, acredita Khramova. Segundo a ativista, seria mais fácil proibir as adoções por estrangeiros como um todo.

Defensores dos direitos LGBT, como o líder da comunidade LGBT russa, Nikolai Alekseev, advertem que a medida proposta pelo presidente terá consequências graves.“Este é um passo puramente político, é um desejo de mostrar que as autoridades são consistentes em suas decisões. A comunidade internacional irá condenar a iniciativa, mas apenas retoricamente, ninguém fará reivindicações no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos”, assegura Alekseev.

O casamento do mesmo sexo é reconhecido oficialmente em diversos países, como Holanda, Bélgica, Espanha, Canadá, África do Sul, Suécia, Portugal e Argentina, entre outros. Dentre esses países, os líderes em adoção de crianças russas são a Espanha, França e Canadá, segundo estatísticas de 2011.


Publicado originalmente pelo Izvéstia

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies