Membro do Nachi participa de protesto usando uma capa com o retrato de Pútin. Foto: AP
O movimento juvenil pró-Kremlin chamado Nachi (Nosso, em português), que ficou conhecido por organizar atos políticos ultrajantes, vai passar por uma revisão completa. Os veículos russos noticiam que ele será substituído por uma nova organização juvenil sob um novo nome e objetivo. A primeira meta do futuro movimento será promover uma integração maior dos jovens com a sociedade. O jornal russo "Izvéstia" apontou que a nova organização não vai mais participar de ações políticas e manifestações públicas.
Nachi em foco
Homenageado no Festival de Sundance, o filme “Beijo de Pútin” conta a história real de uma ativista desse movimento pró-Kremlin chamada Macha Drokova, que sobe na hierarquia do Nachi e eventualmente fica desiludida com o movimento. Em sua obra cinematográfica, o diretor dinamarquês Lise Birk Pedersen segue Drokova durante um período de quatro anos. A derrocada final de Drokova no Nachi é a linha condutora da trama, uma vez que a garota acaba fazendo amizade com o jornalista da oposição Oleg Káchin, que se tornou uma figura internacional depois de ser espancado até quase a morte em 2010.
O Nachi foi fundado em 2005 para apoiar a estrutura política e fez seu nome realizando protestos em massa. Vassíli Iakemenko, um dos fundadores do movimento, afirmou que o Nachi via a Rússia “como o centro histórico e geográfico do mundo”, cuja liberdade era ameaçada pela união profana “de comunistas, fascistas e liberais, alimentados pelo ódio comum ao presidente Vladímir Pútin”.
Muitas das iniciativas do movimento foram deliberadamente escandalosas. Em 2007, ativistas do Nachi realizaram protestos em frente à embaixada britânica em Moscou, acusando o então embaixador Anthony Brenton de financiar a oposição russa.
Em 2008, o movimento começou a se transformar em uma espécie de conglomerado cujas atividades eram direcionadas a questões indiretamente políticas. Um desses projetos foi o “Piggy Versus”, no qual ativistas Nachi invadiam regularmente os supermercados para limpar as prateleiras dos produtos que tinham passado da data de validade. Outro projeto, chamado “Stop'em”, tentou reforçar a aplicação das leis de trânsito.
Em um fórum da juventude realizado em 2010, os ativistas do Nachi montaram uma instalação que apresentava cabeças decapitadas de líderes da oposição russa e políticos ocidentais presas a varas, usando bonés cobertos de símbolos nazistas.
Hora de mudar
Iakemenko acredita que o movimento está pronto para a nova direção. “Em 2005, 50 mil pessoas saíram para apoiar o protesto do Nachi contra a ameaça Laranja na Rússia. Em 06 de dezembro de 2011, os ativistas do grupo foram os únicos presentes na praça Maiakovski em apoio aos resultados das eleições. Em 2012, havia 20 mil ativistas nas praças prontos para lutar. Agora tudo está apenas se repetindo”, disse Iakemenko em uma entrevista ao jornal “Vedomosti”.
“Se queremos algo novo e significativo para assumir nosso lugar, então temos de mudar nosso rumo político. E tem que ser o rumo certo”, acrescentou.
O analista político Aleksêi Makarkin afirma que o movimento se esgotou. “O Nachi tinha dois objetivos: queria controlar as ‘ruas’ e ter certeza de que a juventude de hoje estava sendo isolada da oposição”, disse Makarkin, acrescentando que a organização falhou em ambos os casos. De acordo com o analista político, as autoridades vão continuar se envolvendo nas atividades políticas da juventude, mas os esforços nessa área serão mais localizados.
Com material dos veículos “Izvéstia” e “Vedomosti”
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: