Tribunal determina nova detenção ligada ao caso de corrupção no Ministério da Defesa

Nikolai Riabikh, diretor do departamento de apoio logístico da pasta, foi preso após um interrogatório do processo contra a empresa Slavianka. Foto: RIA Nóvosti

Nikolai Riabikh, diretor do departamento de apoio logístico da pasta, foi preso após um interrogatório do processo contra a empresa Slavianka. Foto: RIA Nóvosti

Nikolai Riabikh foi detido por ordem do CIR (Comitê de Investigação da Rússia) após um interrogatório do processo contra a empresa Slavianka, filiada à Oboronservice, no início da semana passada.

Uma nova detenção ligada ao caso de corrupção na empresa Oboronservice, vinculada ao Ministério da Defesa, ocorreu em Moscou no início da semana passada.

O tribunal determinou a prisão por dois meses do diretor do departamento de apoio logístico da pasta, Nikolai Riabikh.

Riabikh foi detido por ordem do CIR (Comitê de Investigação da Rússia) após um interrogatório do processo contra a empresa Slavianka, filiada à Oboronservice.

Em 2010, a empresa Slavainka havia concluído com o departamento de apoio logístico do Ministério da Defesa um contrato para a manutenção de um dos prédios do ministério, na rua Kolimazni pereulok, em Moscou.

Apesar de o prédio ter sido retirado de serviço para obras, Riabihk transferiu para a conta da empresa Segurança e Comunicações, subcontratada pela Slaviankla e pertencente aos também presos Aleksandr Elkin e Andrêi Luganski, 18,5 milhões de rublos (cerca de R$ 1,3 milhão) a título de pagamentos pelos trabalhos de manutenção fictícios alegadamente executados no local.

Elkin foi preso em novembro do ano passado, um dia antes de completar 50 anos. Na lista de convidados para a celebração de seu aniversário estavam 250 pessoas, entre as quais o ex-ministro da Defesa, Anatóli Serdiukov. Dentre os artistas contratados para divertir o público estava a cantora Jennifer Lopez.

Intimado para o interrogatório, Riabikh assumiu os atos, mas não reconheceu sua culpa e foi enviado à cadeia por dois meses por decisão do tribunal.

O escândalo

O escândalo em torno da empresa Segurança e Comunicações ocorreu há dois meses, após ter sido verificado que, durante a execução dos contratos do governo para a manutenção de equipamentos urbanos de vilas construídas pelo Ministério da Defesa para militares, foram desviados 53 milhões de rublos (cerca de R$ 3,5 milhões).

O ex-ministro da Defesa, Anatóli Sediukov, está arrolado como testemunha nos processos de corrupção contra responsáveis da pasta, a empresa Oboronservice e suas subsidiárias e a empresa Slavianka.

Atualmente, o CIR realiza uma investigação pré-processual das atividades de Serdiukov na qualidade de ministro da Defesa. Intimado em 11 de janeiro, ele se recusou a prestar depoimento, invocando o artigo 51 da Constituição do país, que diz que diz que nenhuma pessoa é obrigada a depor contra si mesma nem a se confessar culpada.

Novos contratos

Enquanto os principais figurantes do processo de desvio de fundos públicos da pasta se encontram atras das grades, suas empresas continuam ganhando contratos do governo.

A empresa Segurança e Comunicações, de Elkin, ganhou um contrato no valor de 270 milhões rublos para a reforma e equipamento de edifícios sedes de inspetorias fiscais do Serviço Federal de Impostos e disputa vários outros contratos com o Departamento de Moscou do CIR.

"Lamento que a empresa Segurança e Comunicações esteja envolvida no escândalo. Nunca tivemos nada a reclamar dela", disse Ígor Kucherenko, responsável do CIR pelas encomendas e compras.

Segundo ele, a Segurança e Comunicações havia vencido várias licitações para obras de construção a pedido do Serviço Federal de Impostos e tem a reputação de um parceiro confiável.

De acordo com o vice-presidente do Centro de Comunicações Estratégicas, Dmítri Abzalov, o lucro líquido obtido com a execução de uma encomenda do governo é, em regra, uma pequena parte de seu valor.

"Em regra, a taxa de retorno é de 5% a 7% do valor do contrato, incluindo todos os custos e despesas", diz Abzalov.

"Mas é preciso lembrar que os contratos de construção e entrega de equipamento são mais vulneráveis à ocorrência de atos de corrupção."

Segundo o presidente do Comitê Nacional contra a Corrupção, Kirill Kabanov, a falta de transparência nas atividades econômicas de estruturas estatais é um terreno fértil para abusos de atribuições durante licitações e negociações.

Segundo o responsável, em licitações duvidosas, cerca de 60% do valor de um contrato são desviados e divididos entre empresários e autoridades interessados.

"O mesmo esquema pode ter sido usado nas relações entre o Ministério da Defesa e a empresa Segurança e Comunicações", disse ele.

"Mas não há uma lei na Rússia que afaste de licitações empresas envolvidas em escândalos de corrupção."

 

Reportagem combinada com materiais do Kommesrsant, Forbes e Izvéstia

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