Ilustração: Aleksêi Iórch
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) foi assinado em 1987, em Washington, por Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov. Por meio dele, os líderes se comprometeram a destruir todos seus mísseis balísticos e de cruzeiro com base em terra e cujo alcance estivesse entre mil e 5,5 mil km (médio alcance) e entre 500 e mil km (curto alcance).
A Rússia assinou o tratado porque os mísseis americanos Pershing 1A, Pershing 2 e BGM-109G, em bases na Europa e armados com ogivas nucleares, poderiam atingir sua capital em apenas 12 minutos. Por sua vez, ossoviéticos de médio alcance SS-10, P-12, P-14 e RC-55 e, em menor medida, os OTP-22 e OTP-23, chegariam a qualquer país da Otan até o Atlântico.
A eliminação desses mísseis foi uma grande contribuição para o abrandamento das tensões entre Moscou e Washington no início dos anos 1990. Mas, ao contrário da Rússia, os EUA não fazem fronteira com países quetenham mísseis de médio e curto alcance. Para eles, não interessava que a Turquia ou o Paquistão se livrassem desses mísseis, ou que a China e o Irã aderissem ao tratado.
Além disso, toda a política externa norte-americana posterior se organizou de modo a obter vantagens unilaterais na expansão de mísseis e armas convencionais. Assim, em 2002, a administração de George W. Bush se retirou do Tratado de Defesa Antimíssil – considerado a pedra angular da estabilidade internacional em ambos os lados do Atlântico.
O tratado limitava os sistemas de defesa antimíssil de ambos os países, não permitindo desestabilizar o equilíbrio entre defesa estratégica e ataque estratégico.
Além disso, em violação ao tratado INF, Washington utiliza blocos dos mísseis Pershing em testes de mísseis-interceptores, e os drones supostamente usados para caçar terroristas correspondem, por suas características táticas e técnicas, a mísseis de cruzeiro terrestres.
Os sistemas de lançamento Mk-4, que os EUA pretendem colocar em bases na Polônia e na Romênia, também podem ser usados para lançar mísseis de cruzeiro de médio alcance, por isso sua instalação também representagrave violação do acordo.
Assim, a Otan, como os países da Europa Oriental que se uniram à aliança, tornaram-se de três a quatro vezes superior à Rússia em termos de armas convencionais.
Afinal, como reagir aos antimísseis norte-americanos na Romênia e na Polônia? Ninguém esconde que eles estão voltados contra Moscou. Como compensar tal ameaça sem arruinar a economia com uma nova corrida armamentista? Por exemplo, com a colocação de bombardeiros de longo alcance Tu-22M3 e também do sistema tático-operativo Iskander-K na Crimeia.
Talvez seja hora de o Kremlin anunciar a retirada da Rússia do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, que na situação atual já está se tornando um fardo para o país.
Víktor Litóvkin é jornalista militar e coronel reformado do Exército russo.
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