Autor: Konstantin Maler
“A gente tem que buscar outras fontes de informação”
Senadora Vanessa Grazziotin – PCdoB – AM
Na verdade, a gente está tão longe aqui no Brasil. Para fazer uma análise, temos que tomar muito cuidado e prestar muita atenção nas informações que chegam. Se as pessoas pegarem só as informações da grande imprensa do Brasil, obviamente que ela se posiciona contrária à Rússia. Afinal, são informações que já expressam opiniões e que dizem que a Ucrânia está certa, a Europa está certa, os Estados Unidos estão certos, e a errada é a Rússia. Então, a gente tem que ter mais cuidado, ler com mais atenção e buscar outras fontes de informação.
A gente procura, até mesmo pelo meu partido, analisar os fatos nos acontecimentos políticos. E creio que o que aconteceu, por exemplo, com a Crimeia é um desejo da população prevalecendo, e que depois foi confirmado por um referendo. Por acaso, eu estava na Rússia no dia de referendo, e vi pessoas que concordam com Pútin e que discordam com o presidente, mas todas elas unidas em torno da Crimeia.
Algumas decisões que foram tomadas depois da deposição do presidente da Ucrânia, algumas posições radicais e provocadoras que foram tomadas, como, por exemplo, a proibição do idioma russo, geraram reações. Creio que cabe ao mundo contribuir para que isso não termine em um conflito. É preciso respeitar a autonomia e a decisão das pessoas.
“O povo é quem decide o que é melhor para ele”
Senador Cyro Miranda Gifford Júnior – PSDB – GO
O Brasil tem que respeitar a soberania de cada nação. Essa soberania tem que respeitar a vontade do povo, a vontade legítima. Eles, na Crimeia, realmente querem voltar à nação russa. Se for essa a vontade da maioria, tem que ser respeitada. Se foi feita dessa maneira transparente sem nenhuma acuação, não há duvidas. O povo é quem decide o que é melhor para ele. Não é nenhuma nação de fora que tem o direito de dizer o que o povo quer. Então, penso que a soberania tem que ser respeitada. A posição da diplomacia brasileira tem que ser essa.
“Temo que os conflitos na Crimeia desestabilizem a paz na região”
Senador Eduardo Matarazzo Suplicy – PT – SP
Eu tenho a preocupação com a maneira como tem desenvolvido o conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Eu acho que seria muito positivo se povos com diferença de opinião, mas que conviveram por tanto tempo de maneira pacifica, pudessem resolver os seus problemas por meio de entendimento e diálogo. Se for para haver separação de partes da Ucrânia deve ser na forma como se estabelece um referendo ou um plebiscito para a decisão popular. Mesmo houvesse amplo apoio de separação, poderia ser feito de maneira respeitada por todas as partes envolvidas. E eu temo que esses conflitos na Crimeia dificultem a paz na região. Sempre defendi que seria importante fazer um esforço de realização de entendimento não por meio de armas, não pela violência. Sobre a Crimeia, eu vi que muitos na Ucrânia questionaram a legitimidade do referendo. Seria melhor que houvesse uma forma de realizar o referendo de maneira que todas as partes aceitassem o seu resultado.
“É uma reedição sem base ideológica da Guerra Fria”
Senador Roberto Requião de Mello e Silva – PMDB – PR
Levo em consideração a entrevista de Pútin, em que disse de forma bem clara reconhecer a hostilidade que o povo da Ucrânia tem em relação ao próprio governo e o ressentimento em relação à Rússia, que é uma coisa ancestral, vem de longe. A pressão que o povo ucraniano sofreu ao longo da sua historia, mas que isso não justificaria de forma alguma a intromissão dos Estados Unidos, treinando os combatentes e terroristas internos e provocando uma ruptura. Isso não passa de um jogo geopolítico errado dos Estados Unidos para estabelecer a sua hegemonia no mundo. O que está em jogo nesse processo todo é isolamento da Rússia.
A intromissão americana é rigorosamente absurda. E a resposta foi a resposta da Crimeia. A Crimeia corresponde a apenas 7% da economia da Ucrânia, mas lá tem o porto da Sevastopol. É uma luta geopolítica. É uma reedição sem base ideológica da Guerra Fria. São grupos econômicos do Ocidente que tentam estabelecer uma hegemonia no planeta. Dessa forma, acredito que a posição tomada por Pútin foi corajosa, necessária e deve der aplaudida. A maioria da população da Crimeia é russa, fez um plebiscito que foi altamente significativo.
O que está acontecendo no leste da Ucrânia é a insistência da tentativa de estabelecer um governo único, o domínio absoluto de grupos capitalistas norte-americanos. Eu acho que grande recado que foi dado a isso tudo foi dado pelo nosso papa Francisco, que o capital está querendo dominar o mundo. E o mundo tem que se lembrar aquela frase bíblica, de que não se pode servir a Deus e a Mamom. É o capital querendo se sobrepor aos governos, às visões nacionalistas, ao processo cultural e histórico dos países com a dominação que tem como consequência o que sofre hoje a Itália, Portugal, a Grécia e a Espanha –o desespero dos mais pobres e o predomínio do capital no comando dos governos. Nada mais isso. Portanto, daqui do Senado do Brasil, eu aplaudo a atitude firme que Pútin tomou.
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