Illustração: Natalia Mikhailenko
A Rússia e o Brasil estão perto de fechar um contrato para o fornecimento de sistemas de defesa antiaérea no valor de US$ 1 bilhão.
“Estamos interessados em comprar três baterias do Pantsir-S1 e duas baterias do Igla”, disse o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Brasil, general José Carlos de Nardi. O contrato prevê ainda a transferência da tecnologia e a produção autorizada desses sistemas no Brasil.
Desde as décadas de 70 e 80, o país possui uma indústria armamentista desenvolvida, capaz de fabricar armas de fogo ligeiros, blindados e aeronaves. Após a queda do regime militar no final dos anos 1980, o Brasil cortou seus gastos militares. Mesmo assim, o potencial tecnológico e industrial criado pelo governo militar brasileiro continuou se desenvolvendo. A Embraer, por exemplo, tem fama de ser uma das maiores fabricantes de aeronaves civis, embora concebida como fabricante de aviões de combate. Sua marca registrada, os aviões de assalto turboélice Tucano e Super Tucano, tiveram grande sucesso em países pobres que lutavam contra as guerrilhas e chegaram a despertar o interesse até mesmo do Pentágono.
A imprensa internacional está encarando o acordo como um instrumento para o Brasil fomentar a cooperação técnico-militar internacional. Apesar de a Índia enfrentar uma grande corrupção na área de compra de armamentos, a situação dos companheiros de Brics é semelhante no que se refere à política de localização da produção de armas estrangeiras em suas fábricas.
Por outro lado, como o país é líder regional nas áreas militar e tecnológica, quaisquer contratos de venda de produtos militares tecnologicamente sofisticados ao Brasil trarão inevitavelmente a possibilidade de investimento (nesse caso, sob a forma de criação de empregos na indústria armamentista do Brasil) e a transferência de tecnologia.
Cabe lembrar que, em 2008, o Brasil fechou a compra de 12 helicópteros de ataque russos Mi-35M (chamados no Brasil de AH-2 Sabre) por US$ 150 milhões, dos quais nove já foram entregues.
Novela antiga
As ambições da indústria armamentista russa se estendem muito além de fornecer lotes limitados de equipamento militar, já que o contrato de US$ 1 bilhão poderia abrir ainda mais portar no mercado latino-americano.
Especula-se que o Brasil pode se tornar o segundo principal parceiro da Rússia, logo atrás da Índia, no desenvolvimento de uma versão para exportação do caça de quinta geração Pak-FA (na sigla em russo). No entanto, a polêmica em 2009 envolvendo a versão atualizada do caça russo Su-35, principal produto de exportação do país no segmento de aviação tática, deixou uma sombra de dúvida quanto ao futuro dessa parceria.
Na época, a Rússia tentou disputar a licitação brasileira para a compra de 36 caças com a perspectiva de produzir localmente outras 94 aeronaves, no âmbito do Projeto F-X2. Para viabilizar o acordo, a Rússia teria inclusive aceitado realizar grandes projetos conjuntos com a Embraer, mas o contrato não foi vingado.
Mesmo tendo como favorito o avião francês Dassault Rafale, as autoridades brasileiras também não conseguiram fechar um acordo com a França em termos de preço e transferência da tecnologia, e o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou a decisão para sua sucessora, Dilma Rousseff. A nova presidente, por sua vez, relançou a licitação com a justificativa de corte dos gastos militares.
Quando o avião francês foi declarado vencedor da licitação, a imprensa informou que, para obter preferências na licitação, a França havia demonstrado disposição de comprar 12 aviões de carga brasileiros KC-390, desenvolvidos pela Embraer, cujo voo inaugural está previsto para 2014.
Publicado originalmente pela RIA-Nóvosti
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