Para nós, reles mortais, o único modo de entrar na "zona de exclusão" é comprando um pacote das tais agências, as que são autorizadas pelo governo.Elas podem oferecer excursões individuais (uma opção mais cara) ou padrões (com um número maior de turistas). Os preços variam de US$ 68 a US$ 340. Você pode escolher um roteiro em inglês ou em russo (excursões em inglês são cerca de 30% mais caras). Se você reservar a excursão com um mês de antecedência, pode ganhar 25% de desconto.
ReutersEsses edifícios deixam a impressão de uma cidade, mas a sensação de vastidão não desaparece. Quando entro nessa cidadezinha, quase inabitada, a sensação fica ainda mais forte. Dirigindo por ela, podemos ver a arquitetura e as fachadas, que, de determinada perspectiva parece bem preservada. Mas é óbvio que o tempo fez seu trabalho.
Anton PapichDeixo o prédio e continuo a descer a estrada para, finalmente, me aproximar de uma das principais vistas ali: a roda gigante de Pripiat. Naqueles dias, era uma construção extraordinária, mas agora ela se tornou um dos principais símbolos do desastre. Agora, ela está de pé ali por quase 30 anos. Mas nunca abriu ao público. E nunca abrirá.
Anton PapichA zona está cerca de 120 quilômetros de Kiev, o que dá quase uma hora e meia de carro. Ao chegarmos ao ponto de controle de Ditiatki, pudemos ver as primeiras placas de alerta para a radiação. Cruzar aquele ponto de controle foi como chegar a um mundo completamente diferente. Uma estrada em linha reta à nossa frente estava coberta por uma fina camada de neve, que se dispersava levada por um vento gelado.
Anton PapichFixando o olhar nesse cenário, não podia tirar da cabeça um filme chamado "Stalker". Dirigido por um dos mais proeminentes diretores soviéticos, Andrêi Tarkóvski, e inspirado em uma novela escrita pelos irmãos Strugatski, o filme foi rodado sete anos antes do desastre de Tchernóbil, e mostra um homem chamado de "stalker" que conduz as pessoas para "A Zona", um local onde, supostamente, os maiores sonhos de uma pessoa, tanto conscientes, como inconscientes, tornar-se-iam realidade. Ali, eles busca-se a felicidade e o sentido da vida.
Anton Papich30 anos se passaram do desastre de Tchernóbil, em 26 de abril de 1986. Desde então, as cidades-modelos soviéticas de Tchernóbil e Pripiat tornaram-se simplesmente cidades fantasmas. Antes da viagem, precisei achar uma agência que fizesse excursões para a "zona de exclusão", a área mais inabitada que se estende por 32 quilômetros em todas as direções ao redor da usina. Sob as leis vigentes, visitas privadas são proibidas e a permissão para entrear na zona é concedida apenas às pessoas que trabalham na construção do sarcófago ao redor dos reatores e na segurança da zona.
ReutersNa entrada, há outro posto de controle - a cidade inteira está rodeada por uma cerca. As bonitas e harmoniosas vias com praças, avenidas e parques que a compunham agora estão cobertas por uma floresta. Postes de iluminação estão desaparecendo aos poucos entre os altos abetos, que agora as cobrem quase completamente. Aproximamo-nos do centro da cidade, onde temos a oportunidade de entrar em um dos prédios.
ReutersApesar de o perigo na zona não ser grande, ainda há medidas de precaução, sobretudo quanto às vestimentas. O maior problema são as partículas contaminadas que se encontram espalhadas pelo ar (especialmente durante incêndios de verão) ou no solo. Por isso, comprei roupas e sapatos em um brechó por US$ 15, especialmente para esse momento.
APDentro da "zona de exclusão" Os primeiros prédios começam a aparecer enquanto nos aproximamos do grande letreiro onde se lê "Tchernóbil".
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