Passaram-se 14 anos desde o último casamento na aldeia. A última vez que uma criança nasceu foi há quatro anos e meio.
Nascido na Alemanha Oriental, o fotógrafo Frank Herfort sempre teve entusiasmo pela Rússia e por seu povo. Ao todo, foram quatro anos de viagens ininterruptas pelo país capturando momentos incomuns da vida cotidiana na Rússia.
"Buduschee" (do russo, "Futuro") é um desses lugares inusitados por onde Herfort passou. Situada no meio do caminho entre Moscou e São Petersburgo, esta aldeia contradiz o nome: a vida ali parece presa ao passado.
O aposentado Viktor Matveev é um dos moradores de Buduchee. Na foto, ele segue de trenó à cidade mais próxima para buscar pão, já que o serviço de “comida sobre rodas” não esteve na aldeia por duas semanas devido ao acúmulo de neve.
Quando o tempo está bom, a comida chega de carro – mas, por conta do tamanho do veículo, não há muitas opções.
Elena é paramédica e a única pessoa a quem buscar socorro médico em todo o vilarejo. Na mesa de seu consultório, há três pacotes de medicamentos, ataduras e papéis. Tudo é limpo, mas não há qualquer equipamento, nem mesmo um suporte para soro.
No inverno, os moradores fazem um buraco no gelo e lavam as roupas na água gelada.
Eles também retiram água de um poço para suprir suas necessidades diárias.
Apesar do tamanho do vilarejo, os problemas de Buduchee são exatamente os mesmos da Rússia como um todo – a taxa mortalidade vem superando a de natalidade.
Havia 300 habitantes ali na década de 1970, mas hoje restam apenas 76.
Como em muitas outras cidades pequenas na Rússia, o alcoolismo, o atraso, o despovoamento e o subemprego tiveram grande impacto na vida dos moradores locais.
As enormes distâncias entre as cidadezinhas e as más condições das estradas sugerem que, apesar do nome, o futuro se perdeu nesta pequena aldeia na rota entre duas capitais, Moscou e São Petersburgo.
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