Mulheres do Norte: estilo de vida imutável através dos séculos

Região no Círculo Polar Ártico é lar de diversas etnias e povos nômades que se adaptaram às difíceis condições climáticas para sobreviver.

A península de Iamal está localizada a 3.600 km de Moscou. O Distrito Autônomo de Iamalo-Nenets é uma das poucas regiões da Rússia atravessadas pelo Círculo Polar Ártico.

Essa região abriga grandes centros urbanos, como Salekhard, Novi Urengoi, Nadim e Noiabrsk. Entre as heroínas dessas fotografias estão representantes de diversas etnias, como Komi, Nenets e Selkup.

Em 1909, o explorador e pesquisador do Extremo Norte russo Boris Jitkov manteve um diário de suas viagens pela península de Iamal, dando enfoque às populações locais, às condições meteorológicas e à fauna da região.

Em seu “Breve Relatório de Viagens pela Península de Iamal”, Jitkov faz uma interpretação do nome da península: “Iamal, o nome da península na língua samoieda, é composto pelas palavras ‘ia’ (terra) e ‘mal’ (final)”.

Iamal é habitada principalmente por samoiedas, um grupo de povos nômades do Norte que, segundo as observações de Jitkov, “são exploradores experientes, que podem facilmente esboçar um plano de terraplanagem na neve ou na areia, e rapidamente se orientam diante de qualquer mapa geográfico”.

Quase 50% da população dos povos indígenas tem nível de educação básica; 17% deles são completamente analfabetos.

No início do inverno, muitos samoiedas migram para o Sul, até a beira das florestas. Em fevereiro e março é hora de migrar novamente para as pastagens de verão. Mas há quem passe o inverno na costa do mar de Kara, sobretudo para caçar ursos.

Quase todos os samoiedas são pescadores. Para eles, o peixe é um alimento básico, juntamente com a carne de veado.

A criação de renas é a principal ocupação desses povos. A pele de veado é usada para construir “yurts” e costurar roupas; a carne desses animais serve de alimento ou é vendida nos mercados urbanos

Além de veados e ursos, os samoiedas caçam raposas do Ártico e mamíferos marinhos.

As relações familiares são patriarcais, e as mulheres não gostam de posar para fotógrafos por superstição.

“A maioria dos samoiedas são oficialmente classificados como pagãos, mas fato é que são indiferentes à religião. Mesmo assim, existem vários locais de culto de sacrifício”, escreveu Jitkov em 1909.

Hoje, alguns dos povos do Norte continuam sendo pagãos, embora alguns tenham se tornado cristãos ortodoxos ou batistas. Outros adotaram também santos cristãos como figuras adicionais do panteão de deuses pagãos.

A fé tende a ser um assunto extremamente íntimo para essas etnias na Rússia, já que guardam na memória a perseguição de ortodoxos e soviéticos. De acordo com relatos de fotógrafos e outras pessoas que conviveram com esses povos, tudo o que pode ser obtido deles são fragmentos de informações e fatos corriqueiros – logo que a conversa se aprofunda, o assunto muda.

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