Negociações em Minsk batem recorde de duração

Pútin, Merkel, Hollande e Porochenko encontraram-se na tarde de quarta-feira (11) na capital bielorrussa para discutir crise ucraniana. Foto: AP

Pútin, Merkel, Hollande e Porochenko encontraram-se na tarde de quarta-feira (11) na capital bielorrussa para discutir crise ucraniana. Foto: AP

Conversas na capital bielorrussa entre chefes de Estado da Rússia, Alemanha, França e Ucrânia duraram mais de 14 horas. Acordo fechado prevê um cessar-fogo a partir de 15 de fevereiro, a retirada de armamentos pesados e a criação de uma zona de segurança.

Em Minsk, encerrou-se novo encontro, iniciado na tarde de quarta-feira (11), entre Vladímir Pútin, Angela Merkel, François Hollande e Petrô Porochenko para discutir a crise ucraniana.

Paralelamente, ocorreu também na capital bielorrussa uma reunião do grupo de contato entre representantes da Rússia, Ucrânia, OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa) e separatistas.

As negociações resultaram na aprovação pelo grupo de contato de um documento relacionado à execução dos acordos de Minsk alcançados em setembro. Além disso, os líderes dos quatro países adotaram uma declaração de apoio ao documento.

Fronteiras e nova Constituição

O presidente russo Vladímir Pútin obteve êxito em acordar um cessar-fogo a partir de 0:00 de 15 de fevereiro. As partes também decidiram pela retirada de armamentos pesados da linha de frente e pela criação de uma zona de segurança que irá variar entre 50 km e 140 km.

A OSCE será responsável por observar o cessar-fogo, assim como controlar a retirada de "unidades estrangeiras" do território ucraniano.

O acordo também indica a necessidade de se realizarem eleições locais em breve em Donbass, de anistiar os participantes dos conflitos, de aprovar uma legislação sobre o status especial de diversas áreas de Donbass em Kiev e de uma reforma constitucional na Ucrânia, com nova lei que descentralize o poder no país.

Uma das principais questões suscitadas pela parte ucraniana foi a do controle das fronteiras entre as regiões revoltosas e a Rússia.

Segundo o documento, o restabelecimento do controle de Kiev sobre as fronteiras será feito pouco a pouco, sob a condição de que a reforma constitucional seja realizada e por meio de consultas com os representantes dos separatistas.

Resultados promissores

Analistas russos receberam com otimismo os resultados dos novos acordos de Minsk.

"Com ele, foi possível chegar a um entendimento sobre condições básicas para a condução do processo de paz vindouro: o cessar-fogo e a linha de frente das partes", disse à Gazeta Russa Dmítri Danilov, chefe da seção de segurança do Instituto Europeu da Academia Russa de Ciências.

O pesquisador-chefe do Centro de Estudos Pós-Soviéticos da universidade MGIMO, Víktor Mízin, também viu de maneira positiva as negociações na capital bielorrussa.

"Os acordos de Minsk são promissores, já que levarão ao cessar-fogo", disse à Gazeta Russa.

Mas os especialistas foram menos otimistas quanto a um futuro acordo político entre os líderes.

Para Danilov, as partes podem interpretar de maneiras diferentes os compromissos alcançados, sobretudo em relação a questões sensíveis, como o status especial de Donbass e o controle das fronteiras. Além disso, muito dependerá da reação de Kiev.

"Agora, Porochenko terá que chegar a entendimentos em Kiev com seus companheiros e com a opinião pública", diz Danilov.

Ele lembra que os separatistas também têm em mãos uma grande responsabilidade: a de não quebrar os acordos alcançados.

Segundo Mízin, mesmo após o novo encontro o  status das regiões rebeldes permanece "um enorme problema sem resolução", assim como a questão das fronteiras russo-ucranianas em alguns setores de Donbass.

"E se no final das contas o acordo não funcionar, surge a ameaça de um colapso de grandes proporções no leste do país", afirma Mízin.

 

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