Expansão do sistema Glonass pode derrubar hegemonia do GPS

Vice-premiê russo Dmítri Rogôzin (centro) durante visita ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos Foto: Serguêi Mámontov / RIA Nóvosti Foto: RIA Nóvosti

Vice-premiê russo Dmítri Rogôzin (centro) durante visita ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos Foto: Serguêi Mámontov / RIA Nóvosti Foto: RIA Nóvosti

Em visita a Havana no final de semana, o vice-premiê da Rússia, Dmítri Rogôzin, afirmou que o sistema de localização por satélite russo Glonass irá ultrapassar, em breve, o seu análogo norte-americano GPS. Delegação russa passou também por Brasil e Rússia, onde foram discutidos projetos conjuntos nas áreas de ciência e tecnologia.

“A instalação do Glonass ao redor do território dos Estados Unidos não seguirá apenas os passos já traçados pelo GPS, mas forçará que o sistema americano a seguir os passos traçados por nós”, afirmou Rogôzin, após se reunir com o presidente cubano Raúl Castro. A instalação de uma estação do Glonass em Cuba já havia sido discutida durante a visita do presidente Vladímir Pútin à ilha, em julho passado.

“Em outubro, a Duma de Estado [câmara alta do Parlamento russo] aprovou um projeto de lei sobre a ratificação do acordo entre os governos da Rússia e Cuba para cooperação na exploração e uso do espaço exterior para fins pacíficos”, relembra o pesquisador-chefe do Instituto Latino-americano da Academia Russa de Ciências, Emil Dabagaian. “Logo que o documento foi aprovado pelo Conselho da Federação, Pútin assinou uma lei federal ratificando o acordo, (...) que versa, inclusive, sobre a instalação de estações para correção diferencial e monitoramento do Glonass em Cuba.”

A infraestrutura do Glonass está se desenvolvendo também no Brasil, que foi outro destino de Rogôzin durante a recente visita de seis dias à América Latina. Na semana passada, o premiê se reuniu em Brasília com o ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e com o vice-presidente Michel Temer, que é também copresidente brasileiro da Comissão de Alto Nível de Cooperação entre os dois países.

Relações retomadas

A viagem de Rogôzin pela América Latina foi concluída em Cuba. Além de se encontrar com o presidente cubano Raúl Castro, o vice-premiê esteve também com o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas. Ao término do encontro, Cabrisas afirmou que, ao reatar as relações diplomáticas com os EUA, Cuba espera que os empresários russos participem do desenvolvimento da ilha. Rogôzin aproveitou então para comentar o bloqueio americano e disse que os EUA acabaram por “reconhecer sua fraqueza e seu erro”.

Depois de analisar os trabalhos de instalação de uma estação do sistema na Universidade de Brasília, Rogôzin sugeriu que os brasileiros participem ativamente do desenvolvimento de serviços para o setor espacial. “É de grande interesse para nós os planos do Brasil de desenvolver uma base própria para lançamento de foguetes. Pelas negociações, ficou claro que há interesses mútuos”, declarou.

Ainda segundo o vice-primeiro-ministro da Rússia, os tecnologias em que a Rússia detém a posição de liderança podem auxiliar o Brasil a desenvolver seus projetos de tecnologia. “Mas é claro que os brasileiros não querem comprar o produto acabado, ele fazem esforços para participar do desenvolvimento e, se possível, produzir tecnologias russas em seu próprio território.”

A cooperação russo-brasileira na área de defesa vem sendo intensificada ao longo dos últimos anos. Entre os projetos conjuntos mais promissores, está a criação de um centro de serviços para reparação e manutenção dos helicópteros russos Mi-35 e Mi-28.

Venezuela em alta

Em visita a Caracas, Rogôzin atuou pela primeira vez como chefe da Comissão Russa de Alto Nível para a Venezuela. Reunida com o chanceler venezuelano Rafael Ramirez, a delegação russa tinha como objetivo reforçar a cooperação no setor de combustíveis e transferência de tecnologia entre os dois países.

Atualmente, a comissão está analizando 57 projetos comuns, que englobam parcerias nos setores técnico-militar, de petróleo, de energia, de agricultura e de alta tecnologia. A próxima reunião entre representantes dos dois países está prevista para abril de 2015.

A Venezuela é hoje um dos principais parceiros da Rússia na América Latina. Até o final de 2013, o volume comercial entre os países atingiu a marca recorde de 2,4 bilhões de dólares. “Os dois países vão criar um mecanismo de controle rigoroso para a execução de acordos bilaterais”, afirmou Rogôzin.

A construção de uma usina para fabricação e montagem de armas sob licença dos rifles Kalashnikov na Venezuela é um dos principais projetos em desenvolvimento. Segundo Rogôzin, devido a “falhas estranhas” na execução do projeto “foi necessário mudar o empreiteiro principal”. O término da construção é esperado para o fim de 2015.

 

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