Reforma do FMI aumenta vala de contradições entre Brics e G7

Os dirigentes dos Brics destacaram em Brisbane que a assinatura, em julho passado, de acordos para a criação de um Banco de Desenvolvimento próprio e de um pool de reservas cambiais convencionais “elevou a colaboração entre os membros do grupo a um novo patamar” Foto: RIA Nóvosti

Os dirigentes dos Brics destacaram em Brisbane que a assinatura, em julho passado, de acordos para a criação de um Banco de Desenvolvimento próprio e de um pool de reservas cambiais convencionais “elevou a colaboração entre os membros do grupo a um novo patamar” Foto: RIA Nóvosti

Antes da reunião oficial do G20, na Austrália, presidente russo Vladímir Pútin se reuniu com os líderes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para discutir, entre outras coisas, a revisão de cotas no FMI e a criação de institutos financeiros que ajudarão as maiores economias emergentes a superar a crise mundial.

A reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) e a criação de instituições financeiras conjuntas pautaram a reunião dos Brics em Brisbane, na Austrália. Em nota de imprensa divulgada após o encontro, os países do grupo se mostraram desapontados com o descumprimento da reforma do FMI e propuseram a discussão de novas medidas caso os EUA não retifiquem a decisão sobre a alteração de cotas até final do ano.

“O encontro de Brisbane confirmou o confronto latente no seio do G20: de um lado, os sete grandes que representam o Ocidente; do outro, os cinco dos Brics. A discussão influencia todo o trabalho do G20, sobretudo no que diz respeito à reforma da arquitetura financeira internacional”, disse à Gazeta Russa Vladímir Davidov, vice-presidente do Conselho Científico do Comitê Nacional de Estudos dos Brics.

Brics contra sanções

Segundo o porta-voz do Kremlin, Iúri Uchakov, os líderes do Brics concluíram, durante encontro de 15 de novembro, que as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia são ilegítimas. “Todos declararam que as sanções (...) estão violando os estatutos da ONU e prejudicando a recuperação econômica”, frisou Uchakov. O presidente do Centro de Tecnologias Políticas, Igor Búnin, também ressaltou as provocações em torno da questão ucraniana durante o recente encontro em Brisbane. “Só os parceiros dos BRICS mostraram compreensão para com o presidente russo”, disse Búnin. 

Na cúpula do G20 em São Petersburgo, em setembro de 2013, os líderes dos Brics se mostraram esperançosos de que o FMI finalizasse a 15ª revisão das cotas até janeiro de 2014, aumentando a participação dos emergentes no capital do FMI. Pela revisão proposta, a cota da China seria a terceira maior, depois da dos EUA e Japão, enquanto a da Índia será a oitava, e a do Brasil, a décima.

“Os EUA estão sabotando descaradamente a questão das cotas no FMI, agindo como sempre no mundo unipolar, o que não lhes dará dividendos”, acrescentou Davidov. Os dirigentes dos Brics ressaltaram ainda que a demora na revisão vai na contramão dos compromissos assumidos pelos líderes do G20, ainda em 2009.

Alternativa ao FMI

Os dirigentes dos Brics destacaram em Brisbane que a assinatura, em julho passado, de acordos para a criação de um Banco de Desenvolvimento próprio e de um pool de reservas cambiais convencionais “elevou a colaboração entre os membros do grupo a um novo patamar”.

No recente encontro na Austrália, os líderes do Brics anunciaram a constituição do conselho provisório de diretores do novo Banco de Desenvolvimento, cujo presidente será nomeado antes da próxima cúpula, que acontecerá na cidade russa de Ufa, nos dias 8 e 9 de julho de 2015.

De acordo com o Kremlin, o governo russo está preparando para a próxima reunião do gruo “projetos de estratégia de parceria econômica e roteiro de cooperação na área dos investimentos”. 

O aprofundamento da cooperação entre os membros do grupo de emergentes é vista com bons olhos por Vladímir Davidov. “Os cinco países têm alguns planos muito práticos, e seu capital total é considerável – US$ 200 bilhões. As novas possibilidades de créditos conjuntos fortalecerão os laços comerciais e de investimentos dos cinco.”

Novas direções

Além dos projetos na área econômica, a cooperação industrial e tecnológica entre os membros do Brics também vem ganhando força. Atualmente, estão sendo discutidos projetos conjuntos na área da energia, extração e transformação de minérios, agroindústria e alta tecnologia.

“Defendemos posições comuns no quadro da segurança internacional de informação, trocamos experiências na procura de solução para importantes problemas sociais, na área de saúde, educação e ciência”, disse Pútin, após o encontro de líderes do grupo. 

 

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